Um oficial das Forças Armadas dos Estados Unidos disse que o assassinato de 24 civis na cidade iraquiana de Haditha, em novembro passado, parece ter sido resultado de um ataque gratuito de fuzileiros navais americanos, relatou nesta quarta-feira o jornal "The New York Times".
As declarações foram dadas depois de uma investigação ter determinado que as vítimas morreram baleadas. A investigação, que durou três semanas, foi a primeira oficial a respeito dos assassinatos. A descoberta contradiz a versão dos fuzileiros, que disseram ter sido vítimas de um atentado a bomba.
A reportagem - que se baseia em declarações de um oficial das Forças Armadas no Iraque, cuja identidade não foi divulgada - afirma que a investigação, realizada em fevereiro e março pelo coronel Gregory Watt, encontrou atestados de óbito mostrando que os mortos, em sua maioria, tinham tiros na cabeça e no peito.
- Havia várias inconsistências, as coisas não estavam se encaixando - disse o oficial ao jornal americano.
O militar recebeu um relatório sobre as conclusões da investigação preliminar de Watt, que não foram divulgadas para o público.
Em entrevista à rede de televisão CNN, o novo embaixador iraquiano nos EUA, Samir al-Sumaidaie, disse haver indícios de que aconteceram outros casos de civis assassinados por fuzileiros em Haditha, onde moram alguns de seus parentes.
O embaixador contou que os fuzileiros mataram a tiros seu primo durante uma operação de busca em casas vários meses antes do incidente de novembro.
- Acho que ele foi morto intencionalmente. Acredito que ele foi morto de forma desnecessária - disse Sumaidaie.
Segundo o embaixador, outros três jovens desarmados foram mortos por militares americanos em um incidente posterior ocorrido na região:
- Eles estavam em um carro, estavam desarmados, acredito, e foram executados a tiros.
A investigação de Watts também tratou do pagamento de indenizações de US$ 38 mil em dinheiro para parentes de vítimas do incidente de novembro, afirmou o NYT.
Em entrevista concedida ao jornal, o major Dana Hyatt disse ter recebido ordens de seus comandantes para indenizar os parentes de 15 das vítimas.
Mas, segundo Hyatt, as outras vítimas teriam realizado atos hostis e, por isso, suas famílias não receberam indenizações.
As Forças Armadas dos Estados Unidos já pagou em outras ocasiões indenizações para parentes de civis mortos em suas ações.