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O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o egípcio Mohamed ElBaradei, anunciou nesta quarta-feira ter chegado ao esboço de um acordo entre Irã e Estados Unidos, Rússia e França, segundo o qual Teerã abre mão de enriquecer urânio no país - o que, em tese, diminuiria os riscos de o Irã usar seu programa nuclear para produzir armas atômicas.

Embora a delegação iraniana tenha concordado com os termos da proposta, sua entrada em vigor depende ainda da aprovação final por Washington, Paris, Moscou e Teerã, o que deve ocorrer até sexta-feira.

O principal representante iraniano, Ali Ashgar Soltanieh, é considerado um técnico, sem condições de firmar compromissos políticos de alto nível. O diálogo é visto como a primeira tentativa séria de engajamento diplomático entre americanos e iranianos nos últimos 30 anos.

O acordo preliminar, fechado após três dias de negociações em Viena, prevê o envio de 75% das reservas de urânio de baixo enriquecimento do Irã para a Rússia (quase 1.200 quilos), no período de um ano, para que seja enriquecido e convertido em combustível para um reator usado para finalidades médicas em Teerã. Tecnicamente, a conversão do material radioativo na Rússia dificultaria seu uso militar.

A iniciativa conjunta tenta diminuir os temores de que o Irã desenvolva secretamente armas atômicas, apesar de o presidente iraniano Mohamed Ahmadinejad sempre ter afirmado que seu programa serve apenas para fins pacíficos.

A preocupação americana cresceu depois da revelação de uma usina atômica secreta na cidade iraniana de Qom, no mês passado. Os serviços de inteligência dos EUA calculam que, no ritmo atual, Teerã poderia desenvolver armas atômicas dentro de até seis anos

Um sucesso nesta iniciativa seria considerado um importante avanço na estratégia do presidente americano, Barack Obama, de oferecer a chance do diálogo a Teerã. O tempo será crucial para que os EUA deem garantias suficientes a Israel de que a ameaça nuclear iraniana ficaria sob controle com o acordo.

Especialistas, porém, dizem que uma questão fundamental para o sucesso do acordo é a forma de envio do material nuclear iraniano ao exterior, o que não foi discutido em Viena.

Caso o Irã envie a quantidade prevista para a Rússia num carregamento único, Teerã ficaria sem a quantidade necessária para produzir uma arma atômica por aproximadamente um ano. Mas, se o envio for feito em etapas, os iranianos poderiam repor a quantidade exportada no mesmo ritmo, possibilitando a produção de armas atômicas enquanto os termos do acordo são cumpridos.

Outra preocupação é que o Irã tenha mentido sobre a quantidade de urânio existente no país. A estimativa de 1.587 quilos de urânio de baixo enriquecimento "presume que o Irã tenha declarado de forma correta a quantidade de combustível que realmente possui, sem contar com nenhum suprimento secreto", disse, sob condição de anonimato, um diplomata europeu.

ElBaradei pediu que os líderes dos países envolvidos "vejam o quadro geral" ao aprovar o documento até o fim desta semana. Ele não deu detalhes sobre os termos do acordo.

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