Em meio às sanções impostas ao Irã, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país informou nesta quarta-feira (23) que nos próximos dias será realizada uma nova rodada de negociações entre os chanceleres brasileiro, Celso Amorim, iraniano, Manouchehr Mottaki, e o turco, Ahmet Davutoglu. O objetivo é buscar o fim do impasse em torno do programa nuclear iraniano.
O Itamaraty confirma apenas que Amorim conversou nesta quarta-feira com Davutoglu e na terça-feira (22) com Mottaki. Com os dois, Amorim reiterou a disposição do Brasil em contribuir para busca de um acordo. Daqui a quatro dias tem início as reuniões do G20 nas quais os Estados Unidos, a União Europeia e o Canadá prometem fechar ainda mais o cerco ao Irã.
De acordo com a agência de notícias oficial do Irã, a Irna, a chancelaria do país divulgou nota sobre a reunião entre os três ministros, mas não mencionou data. Para Amorim, é fundamental ampliar as negociações em busca de um acordo. O Brasil e a Turquia foram contrários às sanções impostas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), no último dia 9.
"O Brasil poderá ter uma participação, caso as partes interessadas solicitem", disse Amorim, que encerrou em Sófia, capital da Bulgária, uma série de viagens à Europa. O chanceler se referiu à retomada das negociações tendo o Brasil como um dos intermediadores, como ocorreu em abril, quando foi fechado o acordo nuclear para troca de urânio iraniano.
Nas conversas, os chanceleres concordaram que é necessário tentar avançar nas negociações embora as tensões tenham aumentado, depois que a União Europeia, os Estados Unidos e o Canadá aprovaram mais restrições ao Irã. As medidas restritivas atingem especialmente as áreas de comércio e militar iranianas.
O esforço do Irã é para tentar convencer a comunidade internacional que no país não há produção de armas atômicas. No que depender do Brasil, da Turquia e do Irã devem ser retomadas as discussões sobre o acordo nuclear, definido em abril. Pela chamada Declaração de Teerã (nome oficial do acordo), o Irã enviará 1,2 tonelada de urânio baixamente enriquecido a 3,5% para a Turquia. No prazo de até um ano, o Irã receberá em troca 120 quilos do material (enriquecido) a 20%.
Amorim e Mottaki comentaram ainda sobre as manifestações do presidente da França, Nicolas Sarkozy, sinalizando disposição em buscar um acordo com o Irã. Apesar de a França ter votado a favor das sanções no Conselho de Segurança das Nações Unidas. "Considero positivo que a França tenha demonstrado disposição de iniciar uma conversa com base na Declaração de Teerã e igualmente positiva a reação do chanceler do Irã", afirmou Amorim.
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