O Irã deu sinais de que a britânica Faye Turney poderá ser libertada em breve, enquanto os outros 14 militares britânicos que estão em poder de Teerã poderiam ser submetidos a julgamento ou permanecer mais tempo nas mãos do regime iraniano.

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O representante do líder supremo iraniano Ali Khamenei - a máxima autoridade do Estado - disse hoje que a "imediata" libertação da militar britânica mostraria a "boa vontade" das autoridades de Teerã.

Mohammad Ali Rahmani, que também é responsável pela organização político-ideológica das forças policiais iranianas, pediu que fosse seguido o exemplo do "pai" da revolução islâmica, o aiatolá Khomeini, que durante a crise dos reféns americanos em 1979 ordenou a libertação das mulheres capturadas.

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Na longa crise, os "estudantes" iranianos mantiveram 66 americanos como reféns na Embaixada dos Estados Unidos durante 444 dias, mas haviam libertado no início os negros e as mulheres.

"Para mostrar o respeito especial do Irã pelas mulheres, a boa vontade de Teerã para resolver o assunto e acalmar a tensão, a mulher arrependida deve ser liberada imediatamente", disse o representante de Khamenei nas forças policiais iranianas.

Além disso, Ali Rahmani afirmou que a libertação de Turney "contrastará com os esforços ocidentais contra o Irã", embora tenha ressaltado que os outros 14 militares "devem ser tratados de acordo com as leis internacionais", já que "ultrapassaram deliberadamente as águas territoriais" do país.

Outros representantes do regime, entre eles vários embaixadores citados por agências iranianas, informaram hoje sobre a possibilidade de os militares serem julgados por violar as leis internacionais.

O embaixador do Irã em Moscou, Gholamreza Ansari, disse à televisão russa que "foram iniciados movimentos legais para determinar a culpa" dos militares britânicos e que eles "serão julgados caso haja evidências suficientes" para prová-la.

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No entanto, o diplomata ressaltou que, caso Londres "admita o erro e peça desculpas ao Irã, a crise pode ser resolvida facilmente".

Como ressaltam os responsáveis iranianos, o embaixador lamentou que o Reino Unido "tenha transformado o assunto em uma crise em vez de tentar resolvê-lo por canais diplomáticos", e que tenha impulsionado uma declaração do Conselho de Segurança da ONU, depois que a Rússia opôs-se à intervenção do órgão em um assunto bilateral.

A saída da crise do âmbito bilateral prejudica particularmente Teerã, que hoje, por meio do porta-voz de Exteriores, Mohammad Ali Hosseini, disse que eram "irresponsáveis, irracionais e indocumentadas" as declarações do chefe do alto representante de Política Externa e Segurança da União Européia, Javier Solana, e de outros líderes da UE exigindo a libertação dos britânicos.

A maioria dos observadores em Teerã consultados acredita que, a menos que o Reino Unido peça desculpas ou consiga outras concessões, o regime iraniano não cederá e manterá os militares em seu poder por um longo período.

Naqib Sahdeh, reformista catedrático de ciência política da Universidade de Teerã, disse que os britânicos permanecerão por meses em Teerã como instrumento de negociação com o Ocidente, em um momento muito complicado para o regime devido à insistência em manter seu programa nuclear.

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O Irã preparava-se hoje para a celebração no domingo do Dia da República Islâmica, que lembra a criação do novo Estado após a revolução liderada por Khomeini em 1979, ocasião, a princípio, muito adequada para que a libertação de Turney seja vista como um gesto de boa vontade.