VIENA - O Irã pediu à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que retire suas câmeras e seus lacres das instalações e dos equipamentos nucleares do país antes do fim da próxima semana. Além disso, a república islâmica exigiu que cessem as inspeções de surpresa em suas usinas, segundo carta do governo iraniano divulgado pela agência ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) na noite de segunda-feira.
A medida ocorre depois que o governo iraniano prometeu acabar com as inspeções, como resposta à decisão do conselho da AIEA de submeter o Irã ao Conselho de Segurança da ONU por causa de suspeitas de que o país esteja tentando obter armas nucleares.
O Irã alega que sua pesquisa sobre combustível nuclear e seu programa de desenvolvimento, que inclui o enriquecimento de urânio em pequena escala, têm o objetivo de gerar eletricidade. Mas líderes ocidentais, que promoveram a votação no conselho da AIEA no sábado, suspeitam que a república islâmica esteja escondendo um projeto para a construção de uma bomba atômica.
"Todas as ações restritivas e de vigilância da agência devem ser removidas até meados de fevereiro de 2006", escreveu uma importante autoridade da comissão de energia nuclear do Irã, em uma carta datada de 5 de fevereiro.
A carta enviada ao secretariado da AIEA também afirma que o Irã vai limitar sua cooperação futura com inspetores da ONU sobre suas obrigações segundo o Tratado de Não-Proliferação (TNP), de 1970.
O protocolo adicional ao tratado - ao qual o Irã aderiu mas nunca ratificou - permitiu inspeções-surpresa. Diplomatas e analistas que não estiveram envolvidos nos esforços para levar o Irã ao Conselho de Segurança da ONU disseram que a decisão do país de abandonar os compromissos com o Protocolo Adicional vai enfraquecer com gravidade o regime de salvaguardas do TNP no país.