O Irã enfrentará mais sanções da Organização das Nações Unidas (ONU), a não ser que responda até esta terça (5) se aceita o pacote de incentivos das seis potências apresentado à república islâmica em troca do congelamento das atividades de enriquecimento de urânio. A informação partiu do governo britânico.
"Nós ficaremos desapontados se não houver uma resposta às propostas do E3 até amanhã. Nós não teremos outra escolha, a não ser pedir à ONU que siga em frente com mais sanções," disse hoje um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha. Ele se referia ao pacote de incentivos econômicos proposto por três países europeus, Grã-Bretanha, França e Alemanha.
O vice-embaixador da França na ONU, Jean-Pierre Lacroix, disse hoje que "se nós não tivermos uma resposta encorajadora dos iranianos, mostraremos firmeza e recorreremos a sanções como no passado."
O grupo das seis potências que negociam com o Irã inclui, além dos três países europeus, os Estados Unidos, Rússia e China. Mais cedo, o Departamento de Estado dos EUA havia informado que os países procurariam novas sanções contra o Irã nesta segunda (4) por teleconferência e concordaram em levar adiante a discussão de novas sanções contra o Irã, disse Gonzago Gallegos, porta-voz da chancelaria americana.
"Concordamos que, na ausência de uma resposta positiva, não temos escolha a não ser buscar novas medidas", disse o porta-voz, referindo-se às sanções.
Nos últimos meses, porém, o Irã ignorou duas resoluções do Conselho de Segurança da ONU exigindo a paralisação da atividade de enriquecimento de urânio.
A teleconferência ocorreu pouco depois de o chefe de política externa da União Européia (UE), Javier Solana, ter conversado por telefone com o negociador-chefe do programa nuclear iraniano, Saeed Jalili, sobre o impasse em torno das atividades atômicas da república islâmica.
Solana reportou às seis potências nucleares que a conversa com Jalili foi inconclusiva, disse um porta-voz do chefe da diplomacia européia. "Não estão marcados novos contatos para os próximos dias", prosseguiu a fonte.
Já a televisão estatal iraniana informou que "as partes concordaram em continuar dialogando".
Os EUA vinham exigindo que o Irã desse até o último fim de semana uma resposta a um pacote de incentivos oferecido em troca do congelamento de seu programa de enriquecimento de urânio em meio a ameaças de novas sanções.
Na última sexta-feira (1), um diplomata europeu comentou: "Se for em 16 dias em vez de 14, não há problema. Não estamos obcecados com uma data".
Numa reunião realizada em 19 de julho em Genebra, Solana pediu a Jalili que o Irã respondesse em duas semanas ao pacote elaborado pelo grupo de seis países composto pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) mais a Alemanha.
No último sábado, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que a república islâmica não vê problemas em negociar, mas não abrirá mão de seu direito de manter um programa nuclear.
Os Estados Unidos e alguns de seus aliados suspeitam que o Irã desenvolva em segredo um programa nuclear bélico. O Irã sustenta que seu programa nuclear é civil e tem finalidades pacíficas, estando de acordo com as normas do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, do qual é signatário.
Em seus relatórios, os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) têm informado não haver sinais de um programa nuclear com fins militares e os serviços secretos dos EUA divulgaram relatório há alguns meses afirmando ter evidências de que um programa nuclear militar mantido pelo Irã teria sido encerrado em 2003.
Ainda assim, EUA e Israel não descartam a possibilidade de bombardear o Irã caso o país não desista do enriquecimento de urânio, um processo essencial para a geração de combustível usado no funcionamento das usinas nucleares. Em grande escala, o urânio enriquecido pode ser usado para carregar ogivas atômicas. As informações são da Dow Jones.