As propostas apresentadas por seis potências mundiais para encerrar o impasse nuclear iraniano têm pontos positivos, mas também possuem algumas ambigüidades que têm de ser retiradas, disse nesta terça-feira o negociador-chefe do Irã, Ali Larijani.
Larijani não especificou quais seriam estas ambigüidades.
- Esperamos, depois de estudarmos a proposta em detalhes, realizar uma nova rodada de negociações para atingir uma conclusão equilibrada e lógica - disse ele.
As propostas, cujo conteúdo não foi divulgado oficialmente, incluem incentivos e punições para que o Irã desista de enriquecer urânio. Os países ocidentais temem que o país esteja disposto a produzir bombas atômicas, mas o Irã afirma que só quer dominar a tecnologia para fins pacíficos de geração de energia elétrica.
Reportagem do "New York Times" desta terça-feira afirma que, entre os incentivos oferecidos está uma proposta no sentido de o Irã ter acesso a peças de reposição das empresas Boeing e Airbus para modernizar sua frota de aviação civil.
O chefe de política externa da União Européia, Javier Solana, apresentou a Ali Larijani o pacote elaborado por Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha, França e Alemanha.
- A proposta está na mesa. Esperamos receber uma resposta positiva que seja benéfica para os dois lados - disse Solana numa entrevista coletiva em Teerã, pouco antes de embarcar de volta para a Alemanha.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) deve apresentar na quinta-feira um novo relatório sobre o Irã.
Os Estados Unidos vêm pressionando fortemente para que o país desista do enriquecimento de urânio, mas na semana passada aceitaram negociar e disseram agora que é encorajador ver que o Irã está levando o pacote de incentivos a sério.
No entanto, Washington reiterou que o governo iraniano precisa interromper todas as atividades de enriquecimento para que haja negociações diretas.
Por enquanto, o Irã vem se recusando a abrir mão do enriquecimento de urânio. A agência de notícias estatal iraniana Irna afirmou que o ministro das Relações Exteriores, Manouchehr Mottaki, disse a Solana que "o importante nos incentivos é apoiar os direitos do Irã à pesquisa em tecnologia (nuclear). Essa questão deve estar muito clara, sem nenhuma ambigüidade nas negociações".
Autoridades iranianas já indicaram que Teerã pode fazer concessões abrindo mão do enriquecimento em escala industrial, mas insistirá em manter os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento.
O Irã escondeu pesquisas nucleares da ONU por quase 20 anos, até ser denunciado por um grupo de opositores exilados.
Os Estados Unidos, que romperam relações diplomáticas com o Irã em 1980, dizem querer uma solução diplomática para o impasse, mas se recusam a descartar a possibilidade de uma ação militar.
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