Milhares de partidários da Irmandade Muçulmana, no Egito, se mantiveram firmes neste domingo (28) no Cairo, dizendo que não deixarão as ruas, apesar dos "massacres" das forças de segurança, que mataram dezenas deles a tiros.
O serviço de ambulâncias do Egito informou que 72 pessoas foram mortas em meio à violência no sábado, durante uma vigília de partidários do presidente deposto Mohamed Mursi, fato que provoca preocupação mundial quanto ao risco de o mais populoso país do mundo árabe mergulhar na desordem.
A Irmandade, grupo de Mursi, venceu várias eleições seguidas depois da derrubada do presidente autocrata Hosni Mubarak, em 2011, e promete não deixar as ruas enquanto Mursi não for reconduzido ao poder.
Seus seguidores acusam os militares de reverterem o movimento de revolta que conduziu o Egito à democracia.
"Eles não ficarão satisfeitos enquanto não trazerem de volta tudo que era típico da era do Estado da segurança e inteligência criminosas e corruptas", disse o alto dirigente da Irmandade Essam el-Erian, no Facebook.
"Eles intensificaram os seus esforços para isso ao cometer massacres nunca vistos antes na história egípcia."
Embora o Cairo estivesse tranquilo neste domingo, confrontos violentos agitaram a cidade de Port Said, na região do Canal de Suez.
Um garoto de 17 anos foi morto em um enfrentamento entre os grupos pró e contra Mursi e outras 29 pessoas ficaram feridas, segundo fontes do setor de segurança.
A violência polariza profundamente o Egito, de um modo que sua elite secular e liberal mostra pouca simpatia pela Irmandade e poucas reservas quanto ao retorno dos militares, que governaram o país por 60 anos até o levante de 2011.