Adán Chávez, o mais político dos irmãos do presidente Hugo Chávez, reeleito em 16 de dezembro como governador do estado de Barinas, viajou na noite de quarta-feira (2) para a capital cubana, onde também permanece o vice-presidente Nicolás Maduro, e onde o líder venezuelano está há quase um mês para tratamento de combate a um câncer. Além de Maduro e de Adán, estão reunidos em Havana a mulher do vice-presidente e procuradora-geral, Cilia Flores, e o genro de Chávez.
Enquanto as informações sobre o real estado do presidente venezuelano seguem imprecisas - a poucos dias da posse, que deveria acontecer no próximo dia 10 - a oposição venezuelana pediu pela primeira vez de maneira oficial que o governo publique um diagnóstico médico preciso. Em coletiva de imprensa na quarta-feira, Ramon Guillermo Aveledo, secretário-executivo da coalizão opositora, Mesa de Unidade Democrática, disse que as informações fornecidas por funcionários do governo "continuam a ser insuficientes".
"A versão oficial, essa que oculta mais informações do que fornece e que vai, em partes, reconhecendo a complexidade do estado de saúde do presidente, é insustentável", disse.
Antonio Ledezma, prefeito Caracas, foi além e propôs a criação de uma comissão política para viajar a Cuba e constatar o estado real do presidente.
"Não estou pedindo permissão para ir a Cuba. Acredito que temos o direito de ir até lá e ver o que está acontecendo. Devemos ir e ponto. Já basta de mistérios", disse.
As últimas informações não-oficiais não foram otimistas. Também na quarta-feira, o presidente da Bolívia, Evo Morales, admitiu que o estado do líder é "preocupante". Pouco depois, o ministro da Ciência e Tecnologia do país, Jorge Arreaza, informou que Chávez se encontrava "estável" dentro de "um quadro delicado".
Como resposta às críticas sobre a falta de transparência do governo, o atual presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, que deve ser reeleito para o cargo no próximo sábado pela maioria chavista do corpo legislativo, afirmou que o governo tem "muito claro" o que deve acontecer em sete dias.
"Nós, chavistas, temos muito claro o que faremos, preocupem-se com os que vocês fariam", escreveu em sua conta no Twitter. Cabello, número três do chavismo depois do presidente e de Maduro, afirmou na semana passada que a data constitucional de 10 é janeiro é prorrogável, e que Chávez poderia assumir seu quarto mandato diante do Tribunal Supremo de Justiça.