O vice-primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres, advertiu nesta segunda-feira (26) o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que seu país "não aceitará ordens", em alusão à iniciativa de paz da Arábia Saudita.
A iniciativa de paz árabe propõe a retirada de Israel de todos os territórios ocupados na guerra de 1967, a criação de um Estado palestino com capital em Jerusalém Oriental e o direito de "retorno" para os refugiados palestinos, segundo a resolução 194 da ONU.
"Não se pode começar uma negociação com ordens", disse Peres a jornalistas, em relação ao estabelecimento de Jerusalém Oriental como capital da Palestina. O vice-primeiro-ministro se reunirá amanhã com o rei Abdullah II, da Arábia Saudita.
Segundo Peres, Israel também não poderia aceitar o retorno dos refugiados palestinos da primeira guerra árabe-israelense (1948-49), e seus descendentes, pois isso significaria "a transformação de Israel em um Estado palestino".
A posição do Governo do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, é que o "direito de retorno" deve ser exercido pelos refugiados no território de um futuro Estado palestino, não em Israel.
O chefe da oposição parlamentar e ex-primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, disse a Ban que seu país "não admitirá nem um único refugiado", e que a iniciativa saudita, que provavelmente será ratificada esta semana na "cúpula" de chefes de Estado árabes, em Riad, não é aceitável para Israel.
Segundo dados da ONU, trata-se de mais de quatro milhões de refugiados, a maioria deles estabelecidos em campos da Cisjordânia e de Gaza, no Líbano, na Jordânia e na Síria.
Israel conta com pouco mais de sete milhões de habitantes, dos quais 20% são palestinos.
"É preciso dizer ao mundo, e a quem queira escutar, que não podem exigir o direito ao retorno" para os palestinos, disse Netanyahu a Ban, segundo à rádio pública israelense, e "Israel também não poderá aceitar o retorno às linhas de armistício de 1949, as vigentes antes de eclodir a guerra de 1967, como exige a proposta saudita".
"Um tratado de paz que não nos permita nos defender não servirá", acrescentou Netanyahu, atualmente o favorito em todas as pesquisas para liderar o próximo governo israelense se as eleições parlamentares forem adiantadas.
Segundo a emissora, Peres se queixou ao Secretário da ONU de que o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, habitual interlocutor de Olmert, não cumpre com as promessas, o que também foi denunciado pelo primeiro-ministro.
De acordo com a rádio, Olmert afirmou que Abbas lhe tinha prometido que a libertação do soldado israelense Gilad Shalit, ainda cativo, ocorreria antes da formação do novo Executivo palestino de união, cujos ministros já prestaram juramento há oito dias.