"Os protestos antigoverno [no Egito] nos fazem perguntar: se houver um novo líder, ele manterá a paz na fronteira como Mubarak fez por todos esses anos?" a pergunta do antropólogo israelense Shalom Caisary resume o sentimento de Israel em relação ao que ocorre nos últimos dias no país vizinho.
Os israelenses aguardam preocupados a solução do confronto político que já deixou 74 mortos e ameaça a ditadura de Hosni Mubarak, há 30 anos no poder. "Israel está tenso. Não sabemos quem tomará o poder lá. Para nós, seria mais seguro se ele ficasse", explica Caisary, que nasceu no Egito, mas veio ainda pequeno para Israel com a família.
Os periódicos israelenses deram destaque para o confronto. O jornal "Yedioth Ahronoth" noticiou que, segundo fontes da Defesa, dependendo do que ocorra no Egito, a doutrina de segurança israelense pode "sofrer uma revolução", já que o acordo de paz entre os dois países constitui uma importante base de definição da estratégia militar. O Egito foi o primeiro país árabe a assinar um acordo de paz com Israel, em 1979. Segundo as fontes, o Egito atá agora não estava no rol de prioridades, e "não era considerado uma ameaça para exigir atenção".
As preocupações de Israel vão além da tensão na fronteira da Faixa de Gaza. Segundo artigo do "Haaretz", "sem Mubarak, Israel ficaria quase sem amigos no Oriente Médio". No ano passado, as relações com a Turquia se deterioraram após o episódio da invasão israelense de um navio de ajuda humanitária para Gaza. Para o "Haaretz", de agora em diante, será difícil para Israel confiar em um governo egípcio dilacerado por conflitos internos.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu anunciou que estava acompanhando de perto a situação no Egito, mas absteu-se de tomar uma posição oficial.