A Anistia Internacional (AI) acusa Israel de retirar uma quantidade desproporcional de água potável de um aquífero controlado pelo governo israelense na Cisjordânia, impedindo que os moradores palestinos obtenham sua parte. O grupo de direitos humanos sediado em Londres também afirma, em relatório divulgado nesta terça, que Israel impede o avanço de projetos de infraestrutura que poderiam ajudar a melhorar os reservatórios palestinos já existentes tanto na Cisjordânia quanto na Faixa de Gaza.
"A escassez afeta a vida dos palestinos", disse a pesquisadora da AI em Israel, Donatella Rovera, em entrevista ontem, antes da divulgação do documento. Funcionários israelenses negam a acusação.
Os israelenses usam mais de quatro vezes a quantidade de água por pessoa, em média, do que os palestinos, cujo consumo está abaixo do mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, diz o relatório. O relatório da AI se concentra especificamente no chamado Aquífero da Montanha, localizado na Cisjordânia.
Segundo o documento, Israel usa mais de 80% da água retirada do aquífero, que é a única fonte dos moradores da Cisjordânia. Como resultado, os mais de 450 mil israelenses que vivem na região e no leste de Jerusalém usam mais água do que os 2,3 milhões de palestinos da região, diz a Anistia.
A questão da água é alvo de intensas disputas entre israelenses e palestinos e é considerada um dos assuntos que devem ser resolvidos antes que os dois lados consigam fazer um acordo de paz. O assunto piorou ainda mais após a divisão dos territórios palestinos entre o Fatah (laico), que governa a Cisjordânia, e o Hamas (islâmico), que controla a Faixa de Gaza.
O porta-voz do governo israelense, Mark Regev, qualificou as afirmações da Anistia Internacional de "completamente absurdas" e disse que Israel tem direitos legais sobre o aquífero, já que foi o primeiro a descobrir, explorar e retirar água do local.
Regev alegou ainda que Israel retira menos água do Aquífero da Montanha hoje em dia do que o fazia em 1967 e que o consumo de água pelos palestinos triplicou no período. Ele acusou os palestinos por não investirem no desenvolvimento na Cisjordânia e disse que eles fracassaram até mesmo em perfurar poços que já foram aprovados.
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