Israel alertou nesta quarta-feira (28) para novas retaliações contra os palestinos pela morte de um soldado perto da fronteira com a Faixa de Gaza.
"Israel vai responder muito severamente", disse uma fonte de segurança, pedindo anonimato. "Ainda não vimos tudo", acrescentou, referindo-se aos bombardeios da madrugada.
O primeiro-ministro Ehud Olmert disse na noite desta terça-feira (27) a altos funcionários do governo que a reação de Israel será "severa e desproporcional".
Esses alertas ampliam a perspectiva de uma retomada dos combates, apesar de o ex-senador norte-americano George Mitchell, enviado especial do presidente Barack Obama à região, ter feito um apelo pela manutenção do cessar-fogo em vigor.
O ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, disse ter cancelado uma viagem aos EUA para "acompanhar de perto esses fatos". Acrescentou que "o Exército israelense está preparado, como sempre".
Israel e o grupo islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza, declararam tréguas unilaterais e em separado no dia 18 de janeiro, encerrando os 22 dias da devastadora ofensiva israelense. Novos incidentes, porém, ameaçam o cessar-fogo.
Um pouco conhecido grupo islâmico reivindicou o ataque desta terça-feira, que explodiu um jipe israelense de patrulha, matando um soldado e ferindo três. O Hamas defendeu o ataque, citando a morte de dois palestinos por Israel na semana passada.
Depois da explosão, forças israelenses mataram um palestino, que fontes médicas de Gaza disseram ser um lavrador. Mais tarde, um bombardeio atingiu um militante sobre uma moto, deixando-o gravemente ferido.
Durante a noite de terça para quarta-feira, a força aérea israelense voltou a Gaza, desta vez para bombardear túneis sob a fronteira Gaza-Egito, que já tinham sido muito danificados durante a ofensiva, mas estão rapidamente sendo reparados.
Esses túneis são usados pelo Hamas para o contrabando de armas, mas também servem para abastecer os palestinos com alimentos e outros produtos, já que o comércio regular está interrompido há mais de um ano devido ao bloqueio econômico de Israel.
Missão Mitchell
Em sua estreia no cargo, o enviado diplomático George Mitchell, enviado do governo Obama à região, disse que "é de grande importância que o cessar-fogo seja ampliado e consolidado, e nós apoiamos os esforços do Egito em se chegar a um acordo".
Ele falou com repórteres no Cairo após conversar com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, cujo governo tenta mediar um acordo de longo prazo.
Mitchell, que participou da solução do conflito na Irlanda do Norte e chefiou uma comissão que fez recomendações de paz para o conflito entre Israel e os palestinos em 2001, disse que o governo Obama está "comprometido em chegar à paz duradoura e à tranquilidade na região".
Mais tarde, Mitchell encontrou-se com Olmert em Israel, mas não comentou publicamente os assuntos discutidos na reunião. Ele planejava encontrar também o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, na quinta-feira.
Em relatório que coincidiu com a visita do enviado, o grupo israelense Peace Now informou que a construção de assentamentos judaicos acelerou-se no ano passado. Há seis anos, Mitchell recomendou que tais expansões fossem interrompidas.
De acordo com o Peace Now, 1.257 novas construções foram realizadas em assentamentos na Cisjordânia em 2008, um aumento de 57% em relação a 2007.
O negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, disse que a expansão dos assentamentos é um "vírus" que ameaça o processo de paz, e que o governo Obama devera pressionar Israel para interromper tal ampliação.
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