Mais de 200 mil invadem a fronteira
Reprimidos por leis ambientais cada vez mais duras, combinadas com ações da Polícia Federal e forte reação de povos indígenas, os garimpeiros brasileiros passaram nos últimos anos a atravessar a linha de fronteira. Levam consigo seu modo de exploração econômica predatória, o caos social e a violência para zonas invadidas em países vizinhos.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil não tinha registro, até às 20h45 de ontem, de nenhum brasileiro morto na ação de moradores locais contra garimpeiros na cidade de Albina, no Suriname. Segundo o Itamaraty, há 17 brasileiros feridos, sendo que apenas três ainda estão internados em Paramaribo, capital do país. Nenhum dos internados corre risco de morrer, de acordo com as autoridades brasileiras.O Itamaraty também não confirmou que mulheres brasileiras tenham sido estupradas, conforme chegou a ser divulgado por garimpeiros que moram na região. O caso mais grave, ainda conforme informações oficiais, foi de uma mulher brasileira que estava grávida e, por conta do stress sofrido, sofreu um aborto e perdeu o bebê. Os ataques teriam começado após a morte de um surinamês numa briga com um brasileiro na véspera de Natal.O governo do Suriname anunciou ontem que fará todos os esforços para garantir a segurança dos brasileiros no país A informação foi dada pela ministra interina dos Negócios Estrangeiros, Jane Aarland.Pelas informações da embaixada brasileira, um surinamês morreu e 25 pessoas ficaram feridas, sete em estado grave. Sobreviventes do ataque falaram que havia 17 desaparecidos, que poderiam estar mortos. O padre brasileiro José Vergílio, que visitou o local, relatou a ocorrência de sete mortos, o que não foi confirmado pelo embaixador brasileiro no país, José Luiz Machado e Costa.
"O pessoal que liga de Saint Laurent diz que tem 17 pessoas que ninguém consegue encontrar. Acham que estão mortas. Uma mulher grávida teve a barriga esfaqueada, e o pessoal disse que ela não resistiu à operação", relatou Francisco Silva, de 38 anos, há oito anos garimpando na região.
A briga entre o brasileiro e o surinamês teria ocorrido por causa de dinheiro, embora sobreviventes contestem essa versão. O brasileiro teria matado o outro com uma facada, por volta das 22h30, no dia 24. Em retaliação, horas depois, os locais chamados na região de "marrones" chegaram ao acampamento dos brasileiros armados de facões e agrediram todos que encontraram pela frente, segundo o embaixador do Brasil no Suriname, José Luiz Machado e Costa.
Uma missão do Itamaraty chegou ontem ao Suriname para ajudar o embaixador brasileiro no país, a avaliar o ocorrido e prestar assistência aos brasileiros em situação de risco. Segundo uma porta-voz do Itamaraty no Suriname, 81 brasileiros foram levados de Albina para Paramaribo após o conflito, e os poucos restantes deverão ser levados ainda neste domingo.
O governo surinamês chegou a informar que pelo menos 20 mulheres foram estupradas e mais de 120 pessoas tiveram que ser retiradas às pressas da cidade após os ataques contra trabalhadores estrangeiros, que também vitimaram imigrantes chineses.
O chefe de polícia Chandrikapersad Santokhi disse que vários suspeitos pelo ataque já foram presos. Ele afirmou que "não há justificativa para o que aconteceu". O brasileiro acusado de esfaquear o surinamês está foragido.
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