Foto de 2008 da usina nuclear de Fukushima, no nordeste do Japâo. A Associação Nuclear Mundial disse nesta sexta-feira acreditar que a situação na usina japonesa está sob controle após o terremoto| Foto: Reuters

O Japão alertou que um pequeno vazamento de radiação pode ter ocorrido em um reator nuclear depois do terremoto de sexta-feira, mas que milhares de moradores da região já foram retirados da área de risco.

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Salientando a grave preocupação com a situação da usina nuclear de Fukushima, cerca de 240 quilômetros ao norte de Tóquio, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que a força aérea dos EUA entregou substâncias refrigerantes para evitar um aumento na temperatura das cápsulas de combustível nuclear da usina, cujo sistema de refrigeração foi danificado pelo tremor.

A pressão que está se formando na usina deve ser liberada em breve, o que pode causar vazamento de radiação, segundo as autoridades. Cerca de 3.000 pessoas que vivem num raio de três quilômetros em torno da instalação foram retiradas, segundo a agência de notícias Kyodo.

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"É possível que o material radioativo na cúpula do reator possa vazar para o exterior, mas a quantidade deve ser pequena, e o vento soprando em direção ao mar será levado em conta", disse o chefe de gabinete do governo, Yukio Edano, em entrevista coletiva.

"Os moradores estão seguros, já que os que estavam a um raio de três quilômetros foram retirados, e os num raio de dez quilômetros estão dentro de casa, então queremos que as pessoas fiquem calmas", acrescentou.

O primeiro-ministro, Naoto Kan, deve visitar a usina na manhã de sábado (noite de sexta-feira no Brasil), além de sobrevoar a região atingida pelo terremoto, o maior já registrado no Japão.

Autoridades nucleares disseram que a pressão no interior da usina está 50 por cento acima do nível máximo tolerado. A imprensa relatou que os níveis de radiatividade estão aumentando dentro do edifício onde fica a turbina.

De acordo com a agência de notícias Kyodo, o nível de radiação na unidade de controle central de Daiichi Fukushima está 1.000 vezes acima do normal.

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Os problemas na usina de Fukushima evocam temores de que se repita um vazamento nuclear como o de Three Mile Island (EUA) em 1979, o mais grave acidente nuclear na história norte-americana. Especialistas dizem, no entanto, que a situação no Japão é muito menos séria.

Os reatores paralisados por causa do terremoto no Japão respondem por 18 por cento da capacidade de geração de energia nuclear do país --a qual, por sua vez, equivale a 30 por cento de toda a produção energética do país.

Muitos reatores japoneses estão localizados em áreas propensas a terremotos, como os de Fukui e Fukushima, no litoral.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) estima que cerca de 20 por cento de reatores nucleares em todo o mundo operem em áreas de atividade sísmica significativa.

A AIEA disse que o setor começou a dar maior ênfase nos riscos externos depois de um terremoto que atingiu a usina japonesa de Kashiwazaki-Kariwa, em julho de 2007 --até então o maior sismo a ter abalado uma usina atômica.

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Naquela ocasião, quatro reatores foram automaticamente desligados. Água contendo material radioativo foi despejada no mar, mas sem um efeito adverso sobre a saúde humana ou o ambiente, disse a AIEA.

A empresa Tepco, responsável pela usina de Kashiwazaki-Kariwa, também operava no momento do tremor três dos seis reatores na central nuclear de Fukushima-Daiichi, e todos eles foram desligados.

Um porta-voz acrescentou que não há risco de vazamento de água contaminada com radiação nos outros três reatores da usina, que estavam desativados para uma manutenção regular.

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