A crise nuclear do Japão está se estabilizando aos poucos e o país precisa agora voltar sua atenção para o reparo dos danos provocados pelo terremoto e tsunami devastadores que atingiram sua costa nordeste há um mês, disse o primeiro-ministro, Naoto Kan.

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O premiê falou pouco depois de novos dados mostrarem que mais radiação vazou da usina nuclear danificada de Fukushima Daiichi nos primeiros dias da crise do que se pensou originalmente.

As novas informações situaram a calamidade nuclear japonesa na mesma categoria que o pior desastre nuclear do mundo, o de Chernobyl, disseram autoridades, mas o upgrade da classificação de gravidade para o nível mais alto da escala globalmente reconhecida não significa que a situação tenha repentinamente se tornado mais crítica.

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"A situação na usina de Fukushima Daiichi está se estabilizando aos poucos, passo a passo, e a emissão de substâncias radiativas segue uma curva descendente," disse Kan à imprensa.

"Um mês se passou. Precisamos tomar medidas no sentido da restauração e reconstrução."

Kan disse também que instruiu um comitê de reconstrução a criar um plano mestre para os trabalhos até junho.

A agência de notícias Jiji informou na terça-feira que o governo estuda a possibilidade de fechar a parte da Tokyo Electric Power Company (Tepco) que é responsável pela usina danificada.

A Tepco parece não estar mais perto de restaurar os sistemas de resfriamento dos reatores, passo crucial para reduzir a temperatura dos bastões de combustível nuclear superaquecidos. Na terça-feira, o Ministério da Ciência japonês disse que pequenas quantidades de estrôncio - um dos elementos radiativos mais nocivos - foram encontradas no solo perto de Fukushima Daiichi.

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Hidehiko Nishiyama, vice-diretor-geral da Agência de Segurança Nuclear e Industrial (Nisa), disse que a decisão de elevar a gravidade do incidente do nível 5 para o 7 - o mesmo do desastre de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986 - se baseou nas quantidades cumulativas de radiação liberada.

Não foram informadas mortes decorrentes de radiação desde o terremoto, e apenas 21 operários da usina foram afetados por problemas de saúde menores provocados pela radiação, segundo o secretário-chefe do gabinete, Yukio Edano, que disse ter consciência de que o aumento da classificação de gravidade vai preocupar as pessoas.

"Isso não significa que a situação hoje esteja pior do que estava ontem, mas que o evento, como um todo, é mais grave do que se pensava," disse o especialista nuclear John Price, ex-membro da Unidade de Política de Segurança da Corporação Nuclear Nacional britânica.

Anteriormente a Nisa havia dito que a quantidade de radiação liberada na atmosfera da usina de Fukushima Daiichi é aproximadamente 10 por cento do que foi libertado por Chernobyl.

Vários especialistas disseram que a nova classificação exagera a gravidade da crise.

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"Não está perto desse nível (7)," disse o especialista em indústria nuclear Murray Jennex, professor associado da Universidade Estadual de San Diego, na Califórnia. "Chernobyl foi terrível --o reator explodiu, não houve contenção e eles ficaram sem alternativas de ação."

"A contenção no Japão vem funcionando. A única coisa que não está funcionando é o tanque de combustível que pegou fogo."

A explosão em Chernobyl destruiu o telhado do reator e enviou grandes nuvens de radiação pela Europa. O acidente contaminou áreas enormes e levou à retirada de bem mais de 100 mil pessoas.

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