O jesuíta Franz Jalics, sequestrado em 1976 pela ditadura argentina e residente na Baviera desde 1978, garantiu nesta quarta-feira (20) que o agora papa Francisco não lhe entregou à Junta Militar, em uma declaração divulgada por sua ordem religiosa na Alemanha.
"O certo é que Orlando Yorio e eu não fomos denunciados pelo padre Bergoglio", afirmou Jalics, em alusão ao sequestro sofrido por ele e seu companheiro de ordem, assim como das suspeitas de colaboração com a ditadura que caem sobre Jorge Mario Bergoglio.
O atual papa era então chefe provincial da ordem jesuíta em Buenos Aires e os dois sacerdotes trabalhavam em uma comunidade pobre da capital argentina quando foram sequestrados e torturados.
"É falso sustentar que nosso sequestro aconteceu por iniciativa do padre Bergoglio", acrescentou Jalics.
"Antes achava que tínhamos sido vítimas de uma denúncia. No final dos anos 90, após várias conversas, cheguei à conclusão que essas suposições eram infundadas", declarou o jesuíta, de 87 anos.
A declaração de Jalics responde às acusações divulgadas após a eleição do arcebispo portenho como sucessor de Bento XVI, principalmente na imprensa argentina, segundo as quais Bergoglio não intercedeu perante a Junta por Jalics e Yorio, falecido há alguns anos no Uruguai.
Em uma primeira declaração escrita, há uma semana, Jalics afirmava não poder fazer pronunciamento algum sobre o papel desempenhado por Bergoglio no caso e acrescentava que para ele o caso estava encerrado.
A declaração de Jalics foi seguida por um categórico desmentido do Vaticano sobre qualquer colaboração do atual papa com a ditadura militar argentina (1976-1983) e atribuindo as informações em sentido contrário a uma campanha midiática.
Jalics vive retirado na pequena cidade bávara de Wilhelmsthal, perto de Kronach, dedicado aos exercícios espirituais e à meditação.
Fontes de sua ordem na Alemanha afirmaram na semana passada que Jalics está de viagem pela Hungria - onde nasceu - e que voltará à comunidade bávara em maio.
A suposta colaboração do papa Francisco com a Junta Militar sempre é questionada na Argentina, escoradas em informações do jornalista Horacio Verbistky, que agora retomou o assunto.
O próprio Bergoglio contestou as acusações em 2010, no livro "O Jesuíta" e rejeitou tal colaboração.
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