A segunda colocação de John Kasich nas primárias republicanas de New Hampshire, na terça-feira (10), dá vida nova a sua campanha e transforma o governador de Ohio de mais uma opção a um sério postulante à vaga do partido nas eleições presidenciais - ou, alguém que você ouvirá falar muito na mídia.
A imprensa tem estado à espera de um Kasich estável e que mostre um vislumbre de relevância em uma corrida dominada pela retórica estridente. Apesar de ser um azarão nas pesquisas nacionais, nas últimas semanas Kasich tem conquistado o apoio do New York Times, Boston Globe e sete grandes jornais de New Hampshire.
Alguns de seus concorrentes republicanos zombaram dele por isso. A campanha de Chris Christie disse que o apoio do NY Times “prova que John Kasich é a ideia liberal do que um bom republicano deveria ser”. Mas Kasich abraçou o carinho da mídia, dizendo a uma multidão em Salem, New Hampshire, na semana passada, que a avalanche de apoios o levou às lágrimas.
Mas a redação de um jornal opera de forma independente a seu conselho editorial. Tanto é verdade que seria difícil argumentar que Kasich tenha sido agraciado com uma cobertura positiva - ou até mesmo com qualquer cobertura. Ele tem ficado constantemente atrás de rivais como Donald Trump, Ted Cruz, Marco Rubio e Ben Carson, e tem sido tratado de forma condizente pela imprensa.
Mas conselhos editoriais são compostos também por jornalistas, e seus julgamentos podem oferecer alguns insights sobre como os outros membros da mídia veem este campo. Eis o que o que o NY Times pensa sobre Kasich:
“O governador John Kasich, de Ohio, embora seja um azarão, é a única opção plausível para os republicanos cansados do extremismo e da inexperiência mostrados nesta corrida eleitoral. E o senhor Kasich não é moderado. Como governador, ele perseguiu sindicatos dos setores públicos, lutou para limitar o direito ao aborto e se opôs ao casamento de pessoas do mesmo sexo”.
“Ainda assim, como um veterano de lutas partidárias e acordos bipartidários durante quase duas décadas no Congresso, ele tem se comprometido e acreditado na capacidade do governo para melhorar vidas. Ele é a favor de um caminho para a cidadania de imigrantes sem documentos e fala sobre o dever governamental de proteger os pobres, os doentes mentais e outros que estão “nas sombras”. Enquanto os republicanos no Congresso tentaram mais de 60 vezes acabar com o Obamacare, Kasich articulou para que o Legislativo republicano de Ohio garantisse mais US$ 13 bilhões em saúde para cobrir mais pessoas de seu estado”.
Em outras palavras, Kasich -- mais do que Rubio, amplamente divulgado como o favorito do “establishment” após um poderoso terceiro lugar em Iowa, na semana passada - representa a melhor opção para restaurar a sanidade.
Parecia apenas uma esperança quando NY Times publicou seu apoio em 31 de janeiro, mas a gafe de um robótico Rubio no debate da semana passada, aliado ao desempenho de Kasich em New Hampshire, na terça-feira, tornou um pouco mais plausível que o governador possa emergir como a melhor alternativa à estrela de reality show Donald Trump e ao queiridinho do Tea Party Ted Cruz.
Kasich continua a um longo caminho de ser nomeado candidato republicano. Mas, agora que teve seu momento, espere, pelo menos, um impacto hiperbólico em sua relevância na mídia.
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