Uma corte de Bagdá condenou o repórter iraquiano que atirou seus sapatos no ex-presidente dos EUA George W. Bush a três anos de prisão.
Muntazer al-Zaidi ganhou fama mundial em dezembro, quando atirou seus sapatos no então presidente norte-americano, que liderou a invasão de 2003 que depôs o regime de Saddam Hussein, chamando-o de "cachorro" em uma coletiva de imprensa.
"Esta sentença é severa e não está em harmonia com a lei, e eventualmente a defesa irá recorrer na corte de apelações", disse Dhiaa al-Saadi, advogado que chefia a equipe de defesa do jornalista.
O governo do primeiro-ministro do Iraque, Nuri al-Maliki, que estava ao lado de Bush no incidente e tentou bloquear o segundo calçado, descreveu o incidente como "um ato bárbaro".
Do lado de fora do tribunal, a irmã de Zaid Ruqaiya começou a chorar ao ouvir o veredicto, e gritou: "Abaixo Maliki, o agente dos americanos".
Zaidi, um repórter da TV al-Baghdadiya, despertou opiniões divididas no Iraque, onde a invasão liderada pelos EUA levou a anos de derramamento de sangue por causa do sectarismo, com a morte de dezenas de milhares de iraquianos.
Alguns disseram que um convidado no Iraque jamais deveria ser insultado, e que o incidente constrangeu o país e seus jornalistas.
Mas a ação de Zaidi contra Bush foi recebida por muitos como um ato de protesto, e o gesto de atirar os sapatos espalhou-se em manifestações em todo o mundo.
"O caso está politizado e é uma tentativa de se vingar de Zaid. Eu acredito que os juízes estavam sob pressão política de facções conhecidas... O veredicto é injusto", disse Ahmed al-Masoudi, porta-voz do movimento antiamericano liderado pelo clérigo Moqtada al-Sadr.
O jurista Tareq Harb, no entanto, disse que o veredicto está "longe de (ser) politizado".
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