Jornalistas do diário francês Le Monde contam na edição desta segunda-feira (27) terem não só presenciado como sofrido ataques químicos por parte das tropas do presidente sírio Bashar al-Assad, enquanto acompanhavam rebeldes nas proximidades de Damasco. A revelação acontece no dia em que chanceleres da União Europeia estão reunidos para discutir a possibilidade de acabar com o embargo de armas a combatentes da oposição. Também, hoje, uma repórter da televisão estatal síria Al-Ikhbariya morreu quando fazia uma reportagem sobre a disputa pelo controle da cidade de Qusair entre as tropas do regime e os rebeldes que, segundo fontes, já levou à morte de 79 combatentes do grupo libanês Hezbollah.
Na matéria titulada "Guerra química na Síria", o fotógrafo Laurent Van der Stockt relata como presenciou os efeitos dessas armas em 13 de abril. O fotógrafo conta ter visto os rebeldes começarem a tossir, a ter vômitos e sintomas de asfixia. Logo depois, ele mesmo teria problemas visuais e respiratórios durante quatro dias.
Médicos ouvidos sob condição de anonimato pelo fotógrafo e pelo jornalista Jean-Philippe Rémy afirmam que os rebeldes podem ter sido vítimas do gás sarín. Incolor e inodoro, o gás causa efeitos neurotóxicos semelhantes ao observados pelos repórteres, que passaram dois meses cobrindo o conflito e tentando contrastar a suspeita do uso de armas químicas.
Os jornalistas afirma que as forças leais ao presidente utilizam o gás nas frentes de guerra de forma pontual para evitar a propagação em massa, que ofereceria prova irrefutável do uso dessas armas. Na última semana, o presidente negou em entrevista ao jornal argentino "Clarín" que suas tropas fazem uso de armas químicas.
A adoção desses equipamentos é considerado uma "linha vermelha" por países como EUA e França, o que poderia justificar uma intervenção internacional, especialmente se fosse demonstrado que são usadas contra a população civil.
O chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo, confirmou que irá defender a mudança do atual pacote de sanções impostas à Síria, para permitir a entrega de equipamentos de defesa aos rebeldes para proteger os civis.
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