Bala que matou promotor argentino saiu da arma achada ao lado do corpo
Peritos confirmaram que a bala que matou o promotor argentino Alberto Nisman, que há poucos dias denunciou a presidente Cristina Kirchner por encobrir os autores do ataque contra a Associação Judaica, Amia, em 1994, era da arma encontrada ao lado de seu corpo nesta segunda-feira em sua casa em Buenos Aires.
O chefe de gabinete do governo argentino, Jorge Capitanich, tinha informado em uma breve declaração que o corpo de Nisman foi encontrado nesta madrugada no banheiro de sua casa junto "de uma arma de fogo de calibre 22 além de uma cápsula", sem especular sobre possíveis causas de sua morte.
Promotor morto teve apoio de Néstor Kirchner para acusar iranianos
O promotor Alberto Nisman, que foi encontrado morto em seu apartamento em Buenos Aires, era encarregado especialmente por investigar o atentando de 1994 ao centro de convivência da comunidade judia da cidade, em que morreram 85 pessoas. O presidente Néstor Kirchner chegou a denunciar o Irã nas Nações Unidas com informações que Nisman havia fornecido.
O juiz federal argentino Ariel Lijo reassumiu nesta segunda-feira (19) suas funções e estabeleceu medidas urgentes para proteger as provas vinculadas com as escutas telefônicas em que o promotor Alberto Nisman, encontrado morto na manhã dessa segunda, fundamentou sua denúncia contra a presidente, Cristina Kirchner, de acobertamento no caso Amia com possível envolvimento do Irã. Lijo enviou uma equipe à sede da unidade que investiga o atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em 1994 para "apreender e assegurar todos os discos compactos onde estão gravadas os grampos telefônicos e toda a documentação detalhada na denúncia", indicou o Centro de Informação Judicial (CIJ) em seu site.
Além disso, o juiz solicitou que a investigação do atentado à Amia inclua "todos os antecedentes e documentação vinculados aos grampos dessas linhas telefônicas", acrescentou o CIJ. O magistrado decidiu interromper suas férias de verão e analisar com urgência a denúncia de Nisman, em meio a comoção da sociedade argentina pela morte do promotor, que foi encontrado com um tiro na cabeça em sua casa em Buenos Aires nesta madrugada.
A juíza María Servini de Cubría, interinamente a cargo do tribunal de Lijo, tinha decidido na quinta-feira não interromper o recesso judicial para que a denúncia fosse tramitada durante as férias de verão por considerar que a ação não estava acompanhada de "elementos probatórios" suficientes.
Cristina ee vários de seus colaboradores foram acusados na quarta-feira (14) por Nisman de acobertar os terroristas iranianos responsáveis pelo atentado ao centro judaico, que causou a morte de 85 pessoas em 1994.
Opositores pedem investigação rápida em caso de promotor morto
Políticos de oposição na Argentina afirmaram que o mais importante para o país é que a investigação sobre a morte do promotor Alberto Nisman, encontrado morto na madrugada desta segunda (19) seja rápida. Maurício Macri, prefeito da cidade de Buenos Aires e pré-candidato presidencial, afirmou que a solução do crime deve ser um marco, "um antes de um depois". Ele afirmou que o caso prejudica o país internacionalmente. "A Argentina não pode aparecer nos jornais do mundo com o título 'promotor que denunciou presidente aparece morto'".
Macri convocou uma entrevista coletiva para expor o que pensava sobre o caso. A senadora Gabriela Michetti, que pertence ao mesmo partido de Macri, estava presente e afirmou que a investigação sobre o atentado que aconteceu em 1994, agora, corre risco. Ela também pediu para que a solução sobre a morte de Nisman seja apresentada rapidamente.
Um opositor de um outro partido, Ernesto Sanz, senador e pré-candidato à presidência pela União Cívica Radical, afirmou em uma entrevista a uma rádio que "esse é o acontecimento mais grave desde a volta da democracia". Ele disse que o contexto é de debilidade institucional e que a investigação deve ser "rápida e certeira, porque isso pode gerar muitas conjecturas na sociedade".
Na última quarta (14), Nisman havia denunciado a presidente Cristina Kirchner e o chanceler Hector Timerman de acobertar as investigações sobre o atentado de 1994 a um centro de convivência da comunidade judia em Buenos Aires. A tese do promotor era que o país e o Irã assinaram um entendimento que iria garantir a impunidade dos responsáveis pelo atentado, que seriam iranianos. Em troca disso, a Argentina conseguiria um acordo comercial para trocar produção agrícola por petróleo.