O julgamento do presidente deposto do Egito Mohammed Mursi por suposto envolvimento na morte de manifestantes começará em 4 de novembro, anunciou nesta quarta-feira (9) o presidente do Tribunal de Apelação do Cairo, Nabil Salib.
Mursi e outros quatorze dirigentes da Irmandade Muçulmana são acusados de realizar atos violentos e instigar o assassinato e o vandalismo nos arredores do palácio presidencial de Itihadiya em 5 de dezembro do ano passado, segundo informou a agência de notícias estatal "Mena".
Entre os líderes da Irmandade que serão julgados junto ao líder deposto se encontram o vice-presidente do Partido Liberdade e Justiça -braço político da Irmandade-, Esam el Erian, e outro dirigente da legenda, Mohammed Beltagui.
O Tribunal Penal do Cairo, presidido pelo juiz Ahmed Sabri Yousef, será responsável pelo processo.
As investigações da promotoria indicam que Mursi incentivou seus partidários a cometer assassinatos e empregar a violência contra os manifestantes pacíficos reunidos nas imediações do palácio de Itihadiya, onde estavam para protestar contra o polêmico decreto constitucional com o qual o então presidente tinha blindado seus poderes.
O Ministério Público argumenta que diante da negativa dos manifestantes de abandonar as imediações do palácio presidencial os ajudantes de Mursi convocaram seus seguidores para dispersar pela força o protesto.
Segundo a promotoria, os partidários do presidente atacaram e dispararam contra os manifestantes e queimaram suas tendas de campanha, além de torturarem 54 pessoas próximo do palácio.
Arian e Beltagui são suspeitos de incitar através dos meios de comunicação que as manifestações fossem dissolvidas pela força.
Mursi, deposto em 3 de julho, foi detido pelos militares e se encontra em local desconhecido.
O presidente deposto também será julgado, em ocasião futura, por ter insultado o Poder Judiciário e por suposta vinculação com o grupo palestino Hamas para perpetrar "ações inimigas contra o país", entre outras acusações.