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As entrevistas concedidas à imprensa pelo ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla, falecido nesta sexta-feira, podem ser usadas em um julgamento sobre delitos cometidos no marco do "Plano Condor", que coordenava as ditaduras no Cone Sul nas décadas de 1970 e 80, disse neste sábado o promotor do caso.

O representante do Ministério Público Fiscal nessa causa, Pablo Ouviña, disse a uma emissora de rádio de Buenos Aires que as entrevistas concedidas pelo ex-militar serão levadas em conta, mas esclareceu que não terão o mesmo peso de um testemunho no tribunal.

Videla, que morreu aos 87 anos quando cumpria pena de prisão perpétua na província de Buenos Aires, era um dos principais acusados no julgamento oral iniciado em março por conta da perseguição de opositores durante o "Plano Condor".

Nesta causa judicial, a maioria das vítimas eram cidadãos uruguaios que foram transferidos ao centro de detenção clandestino Automotores Orletti, em Buenos Aires, mas também serão julgados os casos de sequestrados de nacionalidades paraguaia, chilena, boliviana e peruana.

Em declarações à "Radio América", de Buenos Aires, Ouviña disse hoje que, com a morte Videla, o julgamento, onde outras 24 pessoas são acusadas, "não será o mesmo".

"O que morreu com Videla foi um pouquinho de esperança. Por todas as coisas que ele não disse e que poderia dizer. Minha esperança era que em algum momento ele fizesse isso", avaliou o promotor.

Na terça-feira passada, em uma audiência desse julgamento, o ex-ditador se negou a dar declarações ao tribunal oral.

León Arslanian, que integrou o tribunal que processou a Junta Militar em 1985, lamentou hoje que Videla tenha morrido sem revelar detalhes das operações militares que causaram o desaparecimento de 30 mil pessoas durante a ditadura (1976-1983).

"Levou para o túmulo segredos sobre cada uma das operações e o destino das pessoas desaparecidas", disse Arslanian em declarações à "Radio Mitre", de Buenos Aires.

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