Trípoli - O governante líbio, Muamar Kadafi, advertiu o Ocidente ontem contra uma possível intervenção para apoiar opositores a seu regime. Kadafi afirmou que nesse caso lançaria uma "guerra muito sangrenta", na qual "milhares de líbios morreriam".
Falando em evento transmitido ao vivo pela televisão estatal, Kadafi culpou novamente a rede extremista Al-Qaeda por desafiar seu regime de mais de quatro décadas na Líbia. Kadafi disse que o objetivo do grupo é controlar a terra líbia e o petróleo do país. Ele prometeu lutar até o último homem e a última mulher.
Em um discurso apaixonado de 2h30, o ditador negou que tenha havido qualquer protesto pacífico desde o início das manifestações, em 15 de fevereiro. Também disse que não poderia renunciar, pois "não tem poder real".
Kadafi repetiu que não pretende deixar o país. Atribuiu os distúrbios a "células adormecidas" da Al-Qaeda, ativadas inicialmente na cidade de Al-Baida, no leste do país, e posteriormente na cidade próxima de Benghazi, segunda maior da Líbia. "Não há manifestações pacíficas na Líbia", garantiu. "Se houvesse, por que os estrangeiros fugindo, as embaixadas fechando em Trípoli, empregados fugindo para o deserto?"
O governante líbio afirmou que "essas gangues deixaram as companhias petrolíferas temerosas, fugindo e parando a produção". De acordo com ele, "a produção de petróleo está em seu nível mais baixo". A Líbia tem as maiores reservas de petróleo na África e é o quarto maior produtor no continente. O ditador disse que "os campos de petróleo estão em segurança e sob controle, mas as companhias estrangeiras estão temerosas".
Mortos
Também ontem, uma organização não governamental afirmou que pelo menos 6 mil pessoas morreram desde o início dos protestos contra o regime de Kadafi. A estimativa foi divulgada por Ali Zeidan, porta-voz da Liga Líbia de Direitos Humanos.
"As vítimas em todo o país chegam a 6 mil", disse Zeidan a jornalista em Paris, acrescentando que este número inclui 3 mil mortos na capital, Trípoli, 2 mil em Benghazi, e mil em outras cidades. "Isto é o que as pessoas nos contaram, mas o número pode ser maior."
A Liga Líbia de Direitos Humanos é ligada à Federação Internacional pelos Direitos Humanos, que congrega 155 organizações de direitos humanos em quase 100 países.
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