Muamar Kadafi usa o “Kadafi-móvel” para se deslocar nas ruas de Trípoli: alerta para “banho de sangue”| Foto: Ahmed Jadallah/Reuters

Trípoli - O governante líbio, Muamar Kadafi, advertiu o Ocidente on­­tem contra uma possível intervenção para apoiar opositores a seu regime. Kadafi afirmou que nesse caso lançaria uma "guerra muito sangrenta", na qual "mi­­lhares de líbios morreriam".

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Falando em evento transmitido ao vivo pela televisão estatal, Kadafi culpou novamente a rede extremista Al-Qaeda por desafiar seu regime de mais de quatro décadas na Líbia. Kadafi disse que o objetivo do grupo é controlar a terra líbia e o petróleo do país. Ele prometeu lutar até o úl­­timo ho­­mem e a última mulher.

Em um discurso apaixonado de 2h30, o ditador negou que te­­nha havido qualquer protesto pa­­cífico desde o início das manifestações, em 15 de fevereiro. Tam­­­­­­bém disse que não poderia re­­­nunciar, pois "não tem poder real".

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Kadafi repetiu que não pretende deixar o país. Atribuiu os distúrbios a "células adormecidas" da Al-Qaeda, ativadas inicialmente na cidade de Al-Baida, no leste do país, e posteriormente na cidade próxima de Ben­­ghazi, segunda maior da Líbia. "Não há manifestações pacíficas na Líbia", garantiu. "Se houvesse, por que os estrangeiros fugindo, as embaixadas fechando em Trípoli, empregados fugindo pa­­ra o deserto?"

O governante líbio afirmou que "essas gangues deixaram as companhias petrolíferas temerosas, fugindo e parando a produção". De acordo com ele, "a produção de petróleo está em seu nível mais baixo". A Líbia tem as maiores reservas de petróleo na África e é o quarto maior produtor no continente. O ditador disse que "os campos de pe­­tróleo estão em segurança e sob controle, mas as companhias es­­trangeiras estão temerosas".

Mortos

Também ontem, uma organização não governamental afirmou que pelo menos 6 mil pessoas morreram desde o início dos protestos contra o regime de Kadafi. A estimativa foi divulgada por Ali Zeidan, porta-voz da Liga Líbia de Direitos Humanos.

"As vítimas em todo o país chegam a 6 mil", disse Zeidan a jornalista em Paris, acrescentando que este número inclui 3 mil mortos na capital, Trípoli, 2 mil em Ben­­ghazi, e mil em outras cidades. "Isto é o que as pessoas nos contaram, mas o número po­­­de ser maior."

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A Liga Líbia de Direitos Huma­­nos é ligada à Federação Inter­­nacional pelos Direitos Huma­­nos, que congrega 155 organizações de direitos humanos em quase 100 países.

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