Muamar Kadafi poderá viver sua aposentadoria na Líbia se abdicar de todos os poderes, disse o líder dos rebeldes que tentam depô-lo, na mais clara concessão oferecida até agora ao homem que está há quatro décadas no comando do governo.
Kadafi vem resistindo à pressão internacional por sua renúncia, mas membros do regime dão sinais de que estão dispostos a negociar com os rebeldes, e que isso incluiria as regras para o futuro do líder líbio.
Há cinco meses Kadafi combate os rebeldes, além de ser alvo de bombardeios da Otan contra suas forças e de um mandado internacional de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional, que o acusa de crimes contra a humanidade.
"Como solução pacífica, oferecemos que ele possa renunciar e ordenar a seus soldados que deixem seus quartéis e posições, e então poderá decidir se fica na Líbia ou no exterior", disse o líder rebelde Mustafa Abdel Jalil à Reuters. "Se ele desejar permanecer na Líbia, vamos determinar o lugar... e haverá supervisão internacional de todos os seus movimentos", disse o chefe do Conselho Nacional de Transição.
Abdel Jalil, que foi ministro da Justiça de Kadafi e atualmente se encontra em Benghazi, a "capital" dos rebeldes no leste do país, disse ter feito a proposta há cerca de um mês, por intermédio da ONU, mas que não recebeu resposta de Trípoli.
As declarações de Abdel Jalil causaram certa indignação em Benghazi, onde houve um pequeno protesto em frente a um hotel contra a possibilidade de diálogo com Kadafi. O conselho rebelde negou que haja divergências entre seus líderes, mas Abdel Hafiz Ghoga, vice-presidente do conselho, disse a jornalistas que o mandado de prisão do TPI contra Kadafi torna nula qualquer proposta de diálogo e permanência dele na Líbia.
Enquanto isso, a Turquia, que tinha estreitas relações econômicas com Kadafi antes da rebelião, prometeu uma ajuda de 200 milhões de dólares aos rebeldes. Em junho, Ancara já havia decidido dar 100 milhões.
Os rebeldes dizem precisar de outros 3 bilhões de dólares para pagar salários e outros gastos nos próximos seis meses. "A exigência pública por reformas deve ser atendida, Kadafi deve sair, e a Líbia não deve ser dividida", afirmou o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, em Benghazi.
Ele acrescentou que a Turquia via o conselho rebelde como legítimo representante do povo.
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