O ex-líder servo-bósnio Radovan Karadzic recorreu ao tribunal de crimes de guerra da Organização das Nações Unidas (ONU) e pediu a dispensa do magistrado que julgará o caso no qual ele é acusado de genocídio. De acordo com documentos publicados hoje, Karadzic acusou o juiz Alphons Orie de ser tendencioso e parcial no seu julgamento. Ele disse que Orie o condenará para reforçar os veredictos dos julgamentos anteriores de servo-bósnios e para justificar sentenças "draconianas" contra ele.
"Claramente não existe imparcialidade no juiz Orie," disse Karadzic em uma carta datada de sexta-feira ao presidente do tribunal de crimes de guerra na ex-Iugoslávia, Fausto Pocar. Orie presidiu a audiência de Karadzic em 31 de julho, a primeira aparição do ex-líder na corte após sua captura em Belgrado, depois de ficar foragido por mais de uma década.
Na ocasião, Karadzic recusou-se a dizer se era inocente ou culpado, mas precisará fazer isso quando comparecer novamente no tribunal, em 29 de agosto. Se ele recusar novamente a se declarar inocente ou culpado, uma declaração de "inocente" será feita automaticamente em seu nome.
Ex-procurador da Suprema Corte da Holanda, Orie é juiz no tribunal das Nações Unidas desde 2001. Karadzic disse que Orie participou do julgamento de Momcilo Krajisnik, o ex-líder do Parlamento da República Sérvia da Bósnia, que atualmente apela da sua sentença de 27 anos de prisão. Karadzic diz que Krajisnik é inocente. Orie também participou da corte que condenou o ex-líder servo-croata Milan Babic, que suicidou-se na detenção do tribunal em 2006.
Embora tenha participado de julgamentos que impuseram duras sentenças aos ex-líderes servo-bósnios, Orie presidiu a absolvição do ex-premiê do Kosovo, Ramush Haradinaj, um "desfecho que foi inacreditável," disse Karadzic. As primeiras etapas nos julgamentos do tribunal são instruídas por apenas um magistrado, mas nas fases posteriores três juízes participam do processo. O tribunal não tem júri.
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