Ele derrubou milhares de reis, rainhas, peões, bispos, torres e cavalos. Já ganhou, inclusive, de uma supermáquina construída apenas para derrotá-lo no xadrez. Garry Kasparov, porém, ainda quebra a cabeça para encontrar uma maneira de vencer o presidente russo Vladimir Putin em outro tipo de tabuleiro: o político.
Com sua projeção na mídia internacional, o ex-campeão mundial de xadrez deu voz à reprimida oposição russa e agora cogita ser candidato à Presidência do país em 2008, como ele afirmou em entrevista ao G1, feita por meio de e-mails ainda antes da dissolução do governo russo, ocorrida na última quarta-feira (12).
E, após derrotar inúmeros rivais no xadrez, Kasparov tem pela frente, em suas próprias palavras, "Don Putin" e um governo que "dedica-se inteiramente a extrair dinheiro do país e destiná-lo a contas e ativos privados da minúscula elite que comanda o país".
Críticas semelhantes ao governo Putin já haviam sido feitas pelo bilionário russo Boris Berezovsky, homem que as autoridades brasileiras acreditam que está envolvido na lavagem de dinheiro com a venda de jogadores ao Corinthians. Mas o governo russo sempre nega as acusações. Diz que não passam de denúncias infundadas.
Considerado um dos melhores jogadores de xadrez da história, Kasparov mergulhou no mundo político logo que se aposentou dos tabuleiros, em março de 2005. Ele formou o grupo "Frente Civil Unida" e se uniu à principal coalizão de oposição a Putin, chamada de "A Outra Rússia buscar". Sua atuação lhe valeu uma detenção de dez horas durante um protesto em abril deste ano -ele foi solto após pagar uma multa.