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O secretário de Estado norte-americano John Kerry com a ministra das relações exteriores colombiana, Maria Angela Holguin | REUTERS / Jose Miguel Gomez
O secretário de Estado norte-americano John Kerry com a ministra das relações exteriores colombiana, Maria Angela Holguin| Foto: REUTERS / Jose Miguel Gomez

A tentativa do secretário de Estado norte-americano John Kerry de melhorar as relações com dois aliados da América Latina pode ser prejudicada pela indignação causada pela divulgação de informações sobre programas de espionagem dos Estados Unidos, que têm como alvo e-mails e ligações telefônicas na região.

Kerry visita o Brasil e a Colombina nesta semana, sua primeira viagem à América do Sul como chefe da diplomacia de Barack Obama. A visita acontece no momento em que a divulgação das informações referentes aos programas da Agência Nacional de Segurança (NSA) podem esfriar as conversações em várias frentes.

Dentre elas está comércio e energia e até mesmo as discussões sobre o jantar oficial, marcado para 23 de outubro, no qual o presidente Barack Obama vai receber a presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

Kerry chegou na noite de domingo a Bogotá, a capital da Colômbia. O país realiza conversações de paz para encerrar o conflito de 50 anos com o mais poderoso exército rebeldes do hemisfério ocidental, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Em coletiva com a imprensa na capital colombiana, Kerry defendeu o programa da NSA e minimizou seu impacto nos esforços de aprofundar as relações dos EUA com a região.

O secretário de Estado afirmou que os EUA e a Colômbia estão trabalhando juntos em uma série de assuntos e que a vigilância da NSA apareceu apenas brevemente nas conversas com autoridades colombianas.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse na quinta-feira que quer esclarecimentos de Washington sobre se a coleta de informações de inteligência em seu país ultrapassaram as operações conjuntas dos países contra os traficantes de drogas e grupos armados ilegais. Os Estados Unidos forneceram à Colômbia equipamentos de espionagem e de vigilância aérea, além de técnicos.

Santos disse, em entrevistas à Associated Press, que o vice-presidente norte-americano Joe Biden telefonou para ele para falar sobre a questão, depois de Edward Snowden ter revelado que os programas de espionagem foram usados contra aliados, assim como contra inimigos. Santos disse que Biden deu uma série de explicações técnicas. Perguntado se estava satisfeito com as respostas, ele disse que "estamos no processo".

Biden também telefonou para Dilma Rousseff para expressar o que a ministra de Comunicação brasileira, Helena Chagas, chamou de "seu pesar sobre as repercussões negativas causadas pela divulgação". Biden convidou autoridades brasileiras para irem a Washington e obter detalhes sobre o programa de espionagem.

Rousseff disse a Biden que a privacidade dos cidadãos brasileiros e a soberania do país não podem ser infringidos em nome da segurança e que o Brasil quer que os Estados Unidos mudem suas políticas e práticas de segurança.

Durante a visita de Kerry, os Estados Unidos querem demonstrar seu apoio às negociações de paz entre o governo colombiano e as Farc, que acontecem em Cuba.

A Colômbia é um dos aliados mais próximos dos Estados Unidos na região, mas os relatos sobre o programa de espionagem irritaram as autoridades colombianas.

No mês passado, o jornal brasileiro O Globo informou que cidadãos da Colômbia, México, Brasil e outros países estão entre os alvo da grande operação da NSA para coletar secretamente informações sobre ligações telefônicas e de internet em todo o mundo. As matérias tiveram como base informações fornecidas por Snowden.

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