O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou, em nota divulgada na tarde desta terça-feira (3), que as contribuições deixadas pelo antropólogo Claude Lévi-Strauss "revolucionaram a antropologia contemporânea".
Foi anunciada nesta terça-feira (3) a morte de Lévi-Strauss. A informação é da editora do intelectual, pela qual o falecimento teria ocorrido entre sábado (31) e domingo (1º). Criado em Paris, ele nasceu em Bruxelas em 28 de novembro de 1908. Fundador da Antropologia Estruturalista, é considerado um dos intelectuais mais relevantes do século 20.
"Lévi-Strauss foi um dos maiores antropólogos de todos os tempos. Suas contribuições, especialmente depois que publicou 'As Formas Elementares do Parentesco', revolucionaram a antropologia contemporânea. A partir de então, a corrente chamada 'estruturalista' passou a exercer enorme influência em todas as universidades", afirmou Fernando Henrique em nota.
O ex-presidente lembrou que sua esposa - falecida no ano passado -, a também antropóloga Ruth Cardoso, foi aluna de Lévi-Strauss.
"Minha mulher, Ruth Cardoso, foi sua aluna em Paris, seguindo seus seminários no Museu do Homem, em 1961, e, no Collège de France, em 1967/69. Eu o conheci em Paris quando estudei na Sorbonne, em 1961, assim como fui visitá-lo, mais de uma vez, no Collège de France na década de 1970 para render-lhe o tributo devido, a quem teve uma vida intelectual tão fecunda."
Íntegra
Confira abaixo a íntegra da nota de FHC:
"Lévi-Strauss foi um dos maiores antropólogos de todos os tempos. Suas contribuições, especialmente depois que publicou As Formas Elementares do Parentesco, revolucionaram a antropologia contemporânea. A partir de então, a corrente chamada 'estruturalista' passou a exercer enorme influência em todas as universidades.
Tendo sido professor da USP, de 1934 a 1939, utilizou sua experiência com pesquisas diretas sobre indígenas brasileiros para fundamentar suas explicações teóricas. Além disso, ao escrever seu livro mais conhecido, Os Tristes Trópicos, incorporou sua vivência do Brasil a suas memórias e análises mais gerais.
Minha mulher, Ruth Cardoso, foi sua aluna em Paris, seguindo seus seminários no Museu do Homem, em 1961, e, no Collège de France, em 1967/69. Eu o conheci em Paris quando estudei na Sorbonne, em 1961, assim como fui visitá-lo, mais de uma vez, no Collège de France na década de 1970 para render-lhe o tributo devido, a quem teve uma vida intelectual tão fecunda.
Por fim, Lévi-Strauss deixou-nos dois livros de fotografias tiradas por ele em São Paulo e em outros estados do Brasil nos anos 1930. Publicados com os títulos de Saudades de São Paulo e Saudades do Brasil, este em francês, são o testemunho das ligações afetivas do autor com nosso País, aliás, expressas nos comentários das fotos.
Morreu aos 100 anos, porém, ainda recentemente, há coisa de três ou quatro anos, ajudou a organizar e foi visitar uma exposição de cerâmica indígena brasileira exibida em Paris para comemorar o 'Ano do Brasil na França', mostrando sua vitalidade."