Líbios satisfeitos com a queda de Muamar Kadafi comemoraram na quarta-feira o fim do mês islâmico sagrado do Ramadã, embora o líder deposto continue foragido, e forças leais a ele desafiem um ultimato imposto pelo governo provisório.
Na recém-rebatizada Praça dos Mártires (ex-Praça Verde), centenas de pessoas se reuniram para as orações matinais que celebram o Eid al Fitr, feriado que marca o fim do mês muçulmano de jejum.
"É a prece mais bonita. Estamos cheios de alegria, Kadafi nos fez odiar nossas vidas (...). Viemos aqui expressar nossa alegria pelo fim de 42 anos de repressão e privação", disse o comerciante Hatem Gureish, 31 anos.
A segurança foi reforçada na praça onde Gaddafi pretendia comemorar o 42.º aniversário do golpe de Estado que o levou ao poder, na quinta-feira. Cães farejadores circulavam entre os fiéis, e atiradores estavam a postos nos telhados, atentos à presença de seguidores do regime deposto.
"Pode haver alguns bolsões das forças de Kadafi, mas no geral a capital está segura", disse à Reuters o ministro interino do Interior, Ahmad Darat. "Criamos uma equipe de segurança para gerenciar a crise e preservar a segurança na capital."
Combatentes do Conselho Nacional de Transição (CNT) fizeram uma pausa da sua ofensiva a partir do leste e do oeste contra Sirte, cidade natal de Kadafi. Seus líderes deram ultimato até sábado para que a cidade se renda.
Aviões da Otan têm bombardeado forças leais a Kadafi nos arredores da cidade, e a aliança já prometeu a seus aliados líbios que a missão militar será concluída. O CNT diz que a guerra só vai acabar quando Kadafi for capturado ou morto.
Os novos líderes do país talvez peçam ajuda da ONU para criar uma nova força policial, mas descartam a presença de observadores militares ou forças de paz internacionais, segundo Ian Martin, enviado especial da ONU para a reconstrução pós-conflito na Líbia.
"Está muito claro que os líbios querem evitar qualquer tipo de mobilização militar da ONU ou de outros", disse ele em Nova York.
O CNT, ávido por consolidar seu poder e aliviar as dificuldades após seis meses de guerra civil, recebeu uma injeção de 1,55 bilhão de dólares, graças a uma decisão do comitê de sanções da ONU para liberar bens de Kadafi que estavam congelados na Grã-Bretanha. Além disso, os novos líderes disseram que a Líbia deve voltar a extrair petróleo nos próximos dias.
Ataques continuam
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) informou nesta quarta-feira que bombardeou vários alvos perto da cidade natal de Kadafi, Sirte, e de Bani Walid, cidade a sudeste de Trípoli que segundo os rebeldes pode ser um esconderijo do líder fugitivo.
A aliança começou a atacar nas proximidades de Bani Walid nesta terça-feira, destruindo três lançadores de mísseis terra-terra, um depósito de munição, um tanque e um local onde eram estocados lançadores de foguetes, além de uma base militar não especificada, segundo a atualização diária das operações da Otan.
Um porta-voz da missão militar, coronel Roland Lavoie, disse na terça-feira que a missão liderada pela Otan estava agora voltando-se para "o corredor entre Bani Walid e o limite leste de Sirte".
A Otan atacou 35 alvos no entorno de Sirte na segunda-feira e continuou a disparar na área na terça-feira, atingindo 12 veículos com armas, três tanques, um comando, um posto de controle, um radar e outra base militar.
Omar Hariri, chefe de assuntos militares dos rebeldes, disse nesta terça-feira que Kadafi pode estar escondido em Bani Walid ou nas proximidades da capital. Porém ele ressaltou que, como a Líbia está em um estado de guerra, as informações mudam rapidamente.
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