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A nova liderança líbia diz ter provas de que Muamar Kadafi violou sanções ao adquirir armas neste ano da China e da Europa, mas ainda não há consenso sobre eventuais retaliações contra os governos coniventes com isso.

Em entrevistas na segunda-feira à Reuters, funcionários do Conselho Nacional de Transição (CNT) deixaram clara sua irritação com a vizinha Argélia, por onde muitas das armas supostamente passaram, e que é o único país da região a ainda não ter reconhecido o CNT como legítimo governo líbio.

Duas semanas depois de expulsar Kadafi do poder, encerrando 42 anos de ditadura, o CNT se mostra disposto a colaborar com todas as grandes potências, deixando para trás o que já passou - o que incluiria a venda de armas para Kadafi, ou a cooperação dos serviços de inteligência dos EUA e da Grã-Bretanha com agentes dele.

"Reunimos evidências de muitas fontes, inclusive os principais documentos que reunimos aqui em Trípoli, que apontam o dedo para vários países que vinham fornecendo armas a Kadafi, e também agentes de inteligência", disse Abdul Rahman Busin, porta-voz militar do CNT.

A China, temerosa de que sua relutância em apoiar as forças anti-Kadafi se traduza agora em dificuldades para fechar contratos e comprar petróleo na nova Líbia, afirmou na segunda-feira que funcionários de uma estatal de venda de armas se reuniram em julho com representantes líbios, mas sem o conhecimento do Estado.

"As companhias chinesas não assinaram contratos de venda de armas, nem exportaram itens militares para a Líbia", afirmou Jiang Yu, porta-voz da chancelaria, acrescentando que haverá punições "sérias" aos funcionários envolvidos.

Busin disse que não se sabe se as armas detalhadas nos documentos - cerca de 200 milhões de dólares em pistolas, munições e foguetes, a serem entregues via Argélia - chegaram a desembarcar na Líbia antes do final da guerra. Mas, segundo ele, é certeza de que Kadafi teve acesso a novas armas apesar de um embargo da ONU, que foi endurecido depois do início da rebelião contra o regime, em meados de fevereiro.

"O fornecimento chegou a Kadafi por várias fontes", disse Busin. "Há coisas que encontramos no campo de batalha que ele não possuía anteriormente. Coisas novas."

Ele e outros funcionários do CNT admitiram que os governos dos países que fabricaram e exportaram essas armas talvez não estivessem cientes do destino delas, por causa do uso de intermediários. Mas Busin disse acreditar que alguns políticos soubessem de tudo.

"Muita coisa foi feita por meio de um atravessador", afirmou. "Tanto com atravessadores quanto com os países."

Além da China, afirmou ele, "estamos examinando vários países no Leste Europeu". Ele acrescentou também que há fornecedores "ocidentais", embora provavelmente não da Otan.

Busin disse não saber quais empresas estiveram envolvidas, mas afirmou que seria possível identificá-las: "Não temos na verdade uma lista de companhias, mas não há tantas empresas no mundo que ainda produzam armas. Isso reduz bastante o leque."

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