Aboud al-Zumur, membro fundador da Jihad Islâmica do Egito e amigo do novo chefe da Al-Qaeda, Ayman Al-Zawahiri, disse hoje que a morte de Osama bin Laden não afetará a rede terrorista e previu ataques para vingar o líder. Em entrevista à France Presse, Zumur, que esteve na cadeia com Zawahiri após o assassinato do presidente egípcio, Anwar Sadat, em 1981, disse que Bin Laden era um "mártir", cuja morte em um ataque de forças especiais dos Estados Unidos, no domingo, no Paquistão, "não resolverá nada".

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"A Al-Qaeda não é uma pessoa, é uma instituição", disse Zumur, libertado da prisão após a revolta popular que derrubou o presidente Hosni Mubarak, em fevereiro. Segundo ele, para se resolver o problema do extremismo é preciso haver uma retirada dos territórios ocupados e um equilíbrio na política dos EUA para a Palestina.

Zumur disse que os grandes protestos que derrubaram regimes na Tunísia e no Egito não necessitaram do apoio de grupos militantes, pois mostraram que havia outra maneira de confrontar tiranos. "Eles (manifestantes) criaram um novo mecanismo de responsabilizar os regimes", avaliou. "Isso reduziu o apoio e a importância da luta armada." Falando do Cairo, Zumur pediu que os simpatizantes de Bin Laden não se vinguem da morte do líder extremista.

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Zumur disse que Zawahiri, um médico egípcio de 59 anos e ex-membro da Jihad Islâmica, era um homem de "bom coração". Zawahiri agora é apontado como sucessor de Bin Laden no comando da Al-Qaeda. "Ele é um querido amigo meu. Nós ficamos presos juntos por três anos. Ele é um bom homem, bom coração, que passou por circunstâncias difíceis."

Um irmão de Zawahiri, Mohammed, que havia sido sentenciado à morte, chegou a ser solto após a queda de Mubarak, mas foi detido novamente dias depois. Os militares não explicaram sua atitude com relação a Mohammed.

Ayman al-Zawahiri é agora o homem mais procurado pelos EUA. Ele ficou preso durante três anos no Egito por militância e foi implicado no assassinato de Sadat e em um massacre de turistas em Luxor, ocorrido em 1997. O Departamento de Estado dos EUA emitiu um alerta para seus cidadãos no exterior após a morte de Bin Laden.