O chefe de um grupo islâmico radical britânico proibido pelas autoridades, que conhecia um dos homens que esfaquearam até a morte um soldado numa rua de Londres, disse nesta quinta-feira (23) que a política externa britânica é culpada pelo ataque.
Anjem Choudary disse que Michael Adebolajo, o homem filmado com as mãos cobertas de sangue carregando um cutelo e uma faca após atacar um soldado de folga sob plena luz do dia, tinha comparecido a palestras da Al Muhajiroun, a organização de Choudary que foi proibida pelas leis antiterrorismo de 2010.
"Ele costumava comparecer a algumas manifestações e atividades que tínhamos no passado", disse Choudary à Reuters, acrescentando que não via Adebolajo há cerca de dois anos.
"Quando eu o conhecia, ele era um homem muito agradável, ele era pacífico e eu não acho que exista qualquer razão para pensar que ele faria qualquer coisa violenta."
A organização de Choudary ganhou notoriedade por realizar eventos para comemorar os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, com folhetos que se referiam aos sequestradores dos aviões usados nos ataques como "os 19 Magníficos". O fundador do grupo, o sírio Omar Bakri, foi banido da Grã-Bretanha em 2005.
Choudary sempre afirmou que a Al Muhajiroun proíbe seus seguidores na Grã-Bretanha de realizar ataques no país sob um "pacto de segurança" exigido dos muçulmanos em terras não-muçulmanas.
"Eu não considero que ele fosse um membro da organização, eu não acho que ele era filiado intelectualmente, ele era um contato. Ele costumava participar de algumas coisas", disse Choudary sobre Adebolajo. Ele disse que não conhecia o outro suspeito do ataque, mas que não tinha visto imagens nítidas dele.
"Se você é um homem muçulmano praticante e quer fazer alguma coisa, então você provavelmente vai se deparar com a gente em algum momento, então acho que você não deve se surpreender que ele tenha comparecido a algumas de nossas atividades."
Fontes familiarizadas com a investigação dizem que os dois homens que mataram o soldado eram britânicos da origem nigeriana, e ambos estavam no radar das autoridades antes do ataque.
Conhecidos identificaram Adebolajo, que foi filmado explicando os motivos do ataque, como uma pessoa de criação cristã convertida ao islã.
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