O primeiro-ministro da Tailândia, Samak Sundaravej, ordenou que milhares de policiais antimotim retirem do complexo do governo a multidão que ocupa o local, afirmou seu porta-voz.
"O primeiro-ministro disse que isso tem de acabar hoje (quarta-feira)", afirmou Wichianchot Sukchotrat, principal porta-voz de Samak. "Milhares de policiais serão mobilizados para retirar os manifestantes da Casa do Governo."
Segundo Wichianchot, as forças de segurança tentariam convencer os milhares de presentes ali a deixarem o gramado do complexo, normalmente o centro nervoso do governo tailandês. Mas observou que, caso haja violência, os policiais responderiam com "medidas vigorosas".
Horas antes, ainda nesta quarta-feira, o ministro tailandês do Interior, Kowit Wattana, ex-chefe nacional de polícia, sugeriu que as autoridades continuariam adotando uma postura de contenção diante do cerco dos manifestantes e da ocupação, na terça-feira, de vários ministérios e do canal estatal de TV.
"Imploro aos cidadãos que deixem a Casa do Governo e realizem sua mobilização em um outro lugar de forma a não haver objeções da polícia", afirmou o ministro em uma entrevista coletiva. "Eu não quero chamar isso de um ultimato. Trata-se antes de um apelo."
Nesta quarta-feira, a Justiça tailandesa emitiu mandatos de prisão para nove líderes do movimento antigoverno responsável pelo cerco ao gabinete do premiê em uma tentativa de obrigá-lo a renunciar.
Os mandatos acusam os líderes da Aliança do Povo pela Democracia (PAD) de incitar a instabilidade e de tentar derrubar o governo, crimes que podem ser punidos com até 15 anos de prisão.
Não se sabe ainda como a polícia prenderia os acusados, atualmente cercados por milhares de manifestantes presentes na sede do governo.
Cerca de 2.000 policiais ocuparam posições dentro e nas cercanias do complexo, apesar de, até agora, a única confrontação ter ocorrido nas primeiras horas desta quarta-feira, quando 15 pessoas ficaram feridas em um embate com policiais.
Uma pesquisa de opinião divulgada na quarta-feira mostrou uma mudança radical na postura dos tailandeses em relação ao PAD, cujos protestos de 2005 contra o então premiê Thaksin Shinawatra acabaram por selar a derrubada dele em um golpe militar ocorrido no ano seguinte.
A enquete da Universidade Bangcoc mostrou que 73 por cento dos moradores da capital do país discordavam da campanha de três meses realizada pelo grupo, que acusa a atual coalizão governista de ser comandada, desde os bastidores, por Thaksin.
O PAD também se diz defensor do reverenciado rei Bhumibol Adulyadej e contrário a um suposto plano do ex-premiê de transformar a Tailândia em uma República - algo negado por Thaksin, que vive hoje exilado em Londres, e pelo governo atual.