Os presidentes sul-americanos evitaram nesta segunda-feira (10) condenar um polêmico pacto militar entre Colômbia e Estados Unidos no documento final de um encontro da Unasul em Quito, apesar de a Venezuela e outros países da região desejarem uma sanção.
Em troca, os líderes da União de Nações Sul-Americanas decidiram que seus chanceleres e ministros de Defesa vão discutir o tema em uma reunião marcada para este mês.
"Não tocamos no tema nesta reunião... queremos ver se isto será discutido em 24 de agosto no Conselho de Ministro de Defesa da Unasul, mas é um assunto muito grave", disse o presidente do Equador, Rafael Correa.
Venezuela e Bolívia defendiam que a Unasul emitisse uma condenação à Colômbia por ter fechado uma aliança militar segundo a qual cederá bases militares em seu território aos Estados Unidos para o combate ao tráfico de drogas. No entanto, a proposta não encontrou eco em nações mais moderadas, como Chile e Brasil.
O pacto militar entre Bogotá e Washington é considerado por alguns governos de esquerda da região liderados pela Venezuela quase como uma agressão armada. O Brasil, maior economia da América Latina, vê o acordo com maus olhos, mas não chegou a emitir qualquer condenação direta como alguns vizinhos.
O conflito causado pelo acordo é o mais recente capítulo de uma crise política regional que afeta a América Latina nos últimos anos, protagonizada por uma divisão entre os aliados dos Estados Unidos e seus opositores na região.
Para evitar enfrentamentos, o presidente colombiano, Alvaro Uribe, decidiu não participar da cúpula da Unasul, assim como o líder peruano, Alan García, um aliado próximo de Washington.
Na semana passada, Uribe viajou pela região para explicar o pacto militar e conseguiu que Chile, Peru e Paraguai defendessem seu direito soberano a fazer acordos.
O Brasil também defendeu a soberania, mas pediu a Bogotá mais transparência e pediu que o acordo seja discutido pela região.
Equador, Bolívia e Venezuela criticaram a aliança e uniram forças para conseguir uma sanção diplomática para a Colômbia.
No encontro dos presidentes, o equatoriano Correa, que tomará posse nesta segunda-feira para um novo mandato, receberá da presidente chilena, Michelle Bachelet, a presidência temporária da Unasul, criada em maio de 2008 como um órgão político para unir a região.
A Colômbia disse na semana passada que o organismo poderia morrer nas mãos do Equador.
A Unasul é integrada por Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.
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