Governantes latino-americanos viajam a Nova York para expor na Assembleia Geral da ONU variados assuntos que vão desde a soberania das Malvinas, a paz na Colômbia, os limites do Caribe, a luta contra o narcotráfico, a espionagem global e o embargo de Cuba.

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Como é tradição, o Brasil fará o discurso de abertura na Assembleia. A expectativa é que a presidente Dilma Rousseff denuncie a espionagem americana das comunicações de cidadãos de outros países, inclusive de outros que, como o Brasil, são aliados estratégicos dos EUA.

Um dos primeiros a viajar será o presidente do Chile, Sebastián Piñera, que partirá nesta sexta à noite também por causa de uma agenda cheia de entrevistas paralelas em Nova York, inclusive com seu colega peruano, Ollanta Humala.

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O presidente do México, Enrique Peña Nieto, cancelou sua participação na Assembleia devido à dramática situação que atravessa seu país por causa da passagem de dois ciclones tropicais que já mataram mais de cem pessoas.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse ontem estar em dúvida sobre ir, depois de denunciar que as autoridades americanas tinham negado a permissão para que seu avião sobrevoasse Porto Rico em viagem a caminho da China.

Antes que o Departamento de Estado americano afirmasse hoje que a permissão foi concedida, mas justificando a demora alegando que o governo venezuelano não fez a solicitação da maneira adequada, o presidente da Bolívia, Evo Morales, chamou seus colegas bolivarianos a não comparecer a Assembleia Geral em rejeição à "soberba" dos Estados Unidos.

Morales é o único dos governantes latino-americanos da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) que tinha confirmado sua participação na Assembleia.

Nem Raul Castro, de Cuba; nem Daniel Ortega, da Nicarágua, nem mesmo Maduro confirmaram viagem. Do Equador por enquanto só há certeza da ida do chanceler Ricardo Patiño.

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Contra os EUA

Hoje Morales disse que falou com os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e do Uruguai, José Mujica, e que eles são favoráveis a comparecer à Assembleia Geral para "combater" o líder americano, Barack Obama.

"Vamos nos colocar para combater aí dentro contra o governo dos Estados Unidos, contra Obama, com argumentos ideológicos, políticos, programáticos, até financeiros", ressaltou.

Mujica tem em Nova York uma agenda de encontros, que inclui, entre outros, ao vice-presidente de EUA, Joe Biden, e aos presidentes Juan Manuel Santos, da Colômbia e Otto Pérez Molina, Guatemala. O ex-guerrilheirro, de 78 anos, se reunirá também com o multimilionário investidor George Soros, e com o prefeito de Nova York e também milionário, Michael Bloomberg.

O presidente colombiano disse hoje a uma emissora que falará com Mujica, "uma pessoa com os pés no chão", sobre "muitos temas", inclusive o diálogo com a guerrilha para pôr fim ao conflito armado.

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Quase todos os presidentes participantes da Assembleia têm em sua agenda reuniões com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, mas poucos com o presidente dos Estados Unidos.

O presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, está entre eles, afirmou em entrevista a uma televisão panamenha.

Embora não tenha mencionado quais os temas que serão tratados no encontro, Martinelli afirmou que falará na Assembleia Geral sobre os trâmites com a Nicarágua por causa da tentativa de ampliação do mar territorial no Caribe e sobre a apreensão do navio norte-coreano com armas cubanas interceptado por seu país.

A presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, e o colombiano Juan Manuel Santos também tratarão em suas intervenções desse "expansionismo" a que acusam a Nicarágua.

É dado por certo que Juan Manuel Santos abordará em seu discurso o processo de paz na Colômbia, assim como Cristina Kirchner não deve se esquecer da reivindicação argentina da soberania das Malvinas nem o representante de Cuba da exigência de que os Estados Unidos suspendam o embargo americano à ilha.

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O narcotráfico e as novas iniciativas para combatê-lo serão parte dos discursos de vários presidentes, inclusive Morales, que se propõe a questionar as avaliações feitas pelos EUA sobre a eficácia da luta contra as drogas em outros países.

Mujica exporá o plano uruguaio de legalizar a compra, venda e cultivo de maconha, e Pérez Molina sua proposta de orquestrar uma nova estratégia global antidrogas.

O chileno Piñera defenderá a eleição do Chile para membro não-permanente do Conselho de Segurança na votação que acontece em outubro.