O presidente palestino, Mahmoud Abbas, e o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh, chegaram a um acordo sobre um manifesto que está no centro do embate entre seus grupos, disseram autoridades na terça-feira.

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O documento reconhece implicitamente o Estado judaico. Mas o conteúdo do acordo firmado pelos dois dirigentes parece ter dado ao movimento Hamas, de Haniyeh, espaço de manobra na questão.

- Todos os obstáculos foram superados e um acordo foi firmado a respeito de todos os pontos do documento dos prisioneiros - disse Rawhi Fattouh, um importante assessor de Abbas, depois de as facções terem se encontrado na Faixa de Gaza.

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Segundo Fattouh, Haniyeh e Abbas anunciariam o acordo formalmente ainda nesta terça-feira. Um porta-voz do Hamas confirmou a existência de um acordo.

Mas, diante da possibilidade de Israel invadir a Faixa de Gaza depois do seqüestro de um soldado israelense, parece haver poucas chances de que o acordo sobre o documento abra caminho para a realização, nos próximos dias, de negociações de paz.

Autoridades familiarizadas com as negociações, iniciadas semanas atrás, disseram que Abbas e Haniyeh elaboraram uma plataforma com base no manifesto, aceitando a fundação de um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

Tal solução implicaria a coexistência com Israel e estaria de acordo com a postura da Fatah, que reconhece o Estado judaico.

Mas autoridades, em declarações dadas antes do anúncio feito por Fattouh, disseram que o acordo estipulava que as ações adotadas rumo à independência, entre as quais as resoluções internacionais sobre os conflitos e as iniciativas de paz envolvendo árabes e israelenses, deveriam servir aos interesses palestinos.

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Isso permitiria ao Hamas rejeitar, com base nesse argumento, qualquer acordo com Israel ou qualquer tipo de reconhecimento do Estado judaico.

O acordo também parece ter garantido o cancelamento de um referendo que Abbas pretendia realizar no dia 26 de julho a respeito do documento dos prisioneiros.

Governo de unidade

Pelo acordo, o Hamas, que lidera o governo palestino depois de ter vencido as eleições de janeiro, aceitaria formar um governo de unidade nacional com a Fatah e com outras facções, disseram autoridades antes de Fattouh ter divulgado suas declarações.

O Hamas insistiu na necessidade de chefiar esse governo de coalizão, mas não estava claro ainda se o grupo tinha conseguido impor seu ponto de vista nesse quesito.

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Abbas tenta tornar mais flexível a postura do grupo militante em relação a Israel, na esperança de colocar fim ao boicote liderado pelos EUA, que suspenderam o envio de ajuda ao governo palestino. Os estatutos do Hamas defendem a destruição do Estado judaico.

Israel afirmou que o manifesto é um assunto interno dos palestinos e repetiu que não negociará com o Hamas enquanto o grupo não reconhecer a existência do Estado judaico, não renunciar à violência e não aceitar os acordos de paz interinos.