A erupção do vulcão chileno Puyehue e as cinzas, que se espalharam pelo ar até os países vizinhos, fazem recordar outros problemas gerados por fenômenos naturais que o Chile enfrenta.
Em 2007, um terremoto de 7,7 graus na escala Richter atingiu o norte do país e deixou dois mortos, centenas feridos e 4 mil desabrigados.
O terremoto de fevereiro de 2010, de magnitude 8,8, seguido de tsunami, teve como consequência a morte de mais de 800 pessoas e deixou cerca de 200 mil desabrigados. O tremor chegou a ser sentido em províncias da Argentina e até em São Paulo.
De acordo com o Centro de Pesquisa Geológica dos EUA, que mantém um registro dos maiores tremores do mundo, o terremoto mais intenso de que se tem notícia ocorreu no Chile, em 1960. O abalo sísmico chegou a 9,5 graus na escala Richter e atingiu principalmente a cidade de Valdívia, a 740 km de Santiago. Mais de 2 mil pessoas morreram, 3 mil ficaram feridas e 2 milhões desabrigadas. O tremor gerou tsunamis que atingiram o Japão, as Filipinas, o Havaí e a costa oeste dos EUA. O vulcão Puyehuee também entrou em erupção como resultado deste terremoto. Foi a última vez em que havia sido registrada atividade sísmica do vulcão até este ano.
O professor de Geologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Eduardo Barros, explica que o formato alongado do Chile, paralelo à margem continental o coloca em uma posição de bastante atividade tectônica e magmática. O país está situado na placa tectônica sul-americana (crosta continental), próximo à divisão com a placa tectônica de Nazca (crosta oceânica). Localizada no fundo do Oceano Pacífico, a Placa de Nazca é mais densa e quando desliza para baixo da Placa sul-americana pode gerar os tremores de terra.
Erupções
O deslizamento de uma placa para baixo da outra arrasta as rochas oceânicas para altos níveis de temperatura e pressão e faz com que esses minerais e a água produzam gases que entram em fusão e formam o magma que será expelido para a superfície pelos vulcões.
Os Chile está localizado no Círculo de Fogo do Pacífico, também conhecido como Anel de Fogo do Pacífico, região que concentra a maioria das atividades vulcânicas do mundo, devido à movimentação das placas tectônicas.
Sobre especulações de que os terremotos e as erupções vulcânicas estão ocorrendo com mais frequência nos últimos anos, o professor Barros responde: "Não se pode dizer que há tendência em aumentar o número de vezes em que os terrmotoes ocorrem ou os vulcões entram em atividade. Cem anos, mil anos são muito pouco para a Geologia. Temos que cuidar para não criar pânico na população, esses fenômenos ocorrem desde os primeiros anos de existência da Terra".