Os 15 pontos de vantagem do candidato republicano John McCain sobre o democrata Barack Obama nas pesquisas realizadas na Louisiana parecem uma contradição. Um dos Estados mais pobres do país, era de se esperar que as pessoas se sentissem atraídas pelo criticado plano democrata de "espalhar a riqueza". Da mesma forma, podia-se imaginar que a população formada por quase 32% de negros se empolgasse com a chance de ver o primeiro afro-americano chegar à Presidência.
A Louisiana, entretanto, "tem sido um estado fortemente republicano recentemente", explicou ao G1 o historiador Arnold R. Hirsch, professor da Universidade de Nova Orleans, principal cidade do Estado. Segundo ele, o Estado não tem sequer recebido muita atenção dos candidatos, que desistiram de disputar os nove votos dele no Colégio Eleitoral que vai definir o próximo presidente.
O democrata Bill Clinton venceu no Estado duas vezes nos anos 90, entretanto, e a vantagem de McCain, segundo as últimas pesquisas, é maior até mesmo que a vantagem obtida pelo atual presidente George W. Bush nas duas últimas eleições - em 2000, Bush venceu Al Gore por apenas 7 pontos.
O que acontece, explicou Hirsch, é que o sistema educacional do Estado que sempre teve sérios problemas, ficou ainda pior depois do Furacão Katrina. Sem base política, então, a população mais pobre não se informa e acaba não valorizando a eleição e nem mesmo participando do processo. "A política do Estado é controlada pela população de fora de Nova Orleans, que é muito conservadora, como em qualquer outro Estado do Sul do país", disse Hirsch.
Efeito Katrina
A passagem do furacão Katrina em 2005 tornou o Estado ainda mais conservador, segundo pesquisas recentes. Um dos motivos é que cerca de 250 mil pessoas deixaram a região de Nova Orleans deixaram suas casas, a maior parte delas eleitores democratas, e muitas delas nunca retornaram.
"Era de se esperar que as pessoas votassem contra o governo, apoiando Obama, já que todo mundo reclama muito da falta de atenção que o estado recebe", disse Hirsch, se referindo à reação da população da Louisiana, que culpou o governo pela tragédia causada pela destruição das barragens, que alagou quase toda a cidade.
"Ninguém pode dizer que a cidade está completamente repuperada", disse o professor, se referindo não apenas à infra-estrutura, mas à cicatrizes sociais deixadas pela tempestade. "Nem tudo funciona totalmente ainda. Estamos retomando."
Para ele, entretanto, as pessoas reclamam que o governo não os ajudou na época do Katrina, mas não associam os problemas trazidos pela tempestade com a decisão política de escolher o próximo presidente do país. "As pessoas de fora de Nova Orleans, especialmente, assumem a postura de republicanos e votam no partido sem sequer analisar quem são os candidatos", disse. Segundo Hirsch, é de se esperar que a cidade de Nova Orleans, pelo menos, apóie Obama, mas não vai conseguir compensar os votos do resto do Estado.
'Os outros'
Segundo uma reportagem do jornal "USA Today", apesar de sua tendência republicana, o Estado da Louisiana tem mais de 600 mil eleitores registrados de perfis variados e independentes de um ou outro partido. Esses eleitores seriam os responsáveis pelas vitórias de Clinton nos anos 1990, e poderiam fazer diferença mesmo na Eleição deste ano.
Jornalistas do jornal local "Times Picayune" com quem o G1 conversou, entretanto, disseram nem sequer considerar a possibilidade de uma vitória de Obama. Segundo eles, o estado "vermelho" no mapa eleitoral só se tornaria "azul" se a vitória de Obama fosse realmente esmagadora em todo o país.
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