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Lucy, a famosa australopithecus, provavelmente morreu ao cair de uma árvore

Reprodução de como seria Lucy | Cleveland Museum of Natural History/Reprodução
Reprodução de como seria Lucy (Foto: Cleveland Museum of Natural History/Reprodução)

Lucy, a famosa australophitecus que viveu na África há 3,18 milhões de anos, provavelmente morreu ao cair de uma árvore, revela um estudo científico publicado nesta segunda-feira (29) pela revista Nature.

Os ossos do braço de Lucy se estilhaçaram com o impacto da queda - um tipo de trauma também comum em vítimas de acidentes de carro, afirmaram pesquisadores dos Estados Unidos e da Etiópia.

Seus ferimentos sugerem que “ela estendeu os braços no momento do impacto, em uma tentativa de amortecer a queda”, disse à AFP o antropólogo e coautor do estudo John Kappelman, da Universidade do Texas, em Austin, que analisou as diferentes fraturas reveladas pelo fóssil.

Lucy, que media cerca de 1,10 metros, teria caído de uma altura de mais de 12 metros, a uma velocidade de mais de 56 km/h, segundo Kappelman. “A morte aconteceu muito rápido”, afirma.

Até agora, não havia nenhuma teoria oficial sobre as circunstâncias da morte de Lucy, que pertence à espécie Australopithecusafarensis - um membro extinto da família dos hominídeos, que incluem os seres humanos modernos e todos os nossos ancestrais - e cujos ossos foram descobertos na Etiópia, em 1974.

Estudos anteriores sugeriram que a quebra dos ossos havia ocorrido após o falecimento. O novo estudo, baseado em imagens 3D de alta resolução, mostrou que as fraturas foram bastante consistentes com um impacto traumático, como uma queda de uma altura “considerável”, disse a equipe.

As novas descobertas adicionam, ainda, provas à teoria de que Lucy e sua espécie passaram parte do seu tempo em árvores.

Prima distante

A descoberta de Lucy, um dos fósseis de hominídeo mais completos já descobertos - seus ossos compõem quase 40% de um esqueleto - preencheu uma grande lacuna na árvore evolutiva humana.

Embora Lucy tivesse um crânio, mandíbulas, dentes e longos braços similares ao de um macaco, ela andava ereta como nós.

Lucy foi considerada durante muito tempo a “mãe da humanidade”. Hoje, porém, já não é vista como a ancestral direta do homem, mas como uma prima distante.

No entanto, a popularidade do fóssil A.L.288-1 continua sendo imensa.

Triste notícia

Durante dez dias, a equipe escaneou o fóssil e obteve imagens de tomografia computadorizada de alta resolução. As imagens mostraram que Lucy também teve fraturas no tornozelo, joelho, pelve e pelo menos uma costela, o que sustenta a tese da queda fatal e sugere que ela deve ter sofrido lesões graves nos órgãos internos, concluíram os pesquisadores.

“Triste notícia, pobre Lucy!”, comenta o paleoantropólogo Yves Coppens, que participou da equipe que descobriu o fóssil.

“Os arborícolas têm, em geral, uma habilidade espantosa, agilidade, equilíbrio. Após 20 anos vendo arborícolas (chimpanzés, gorilas, etc.) em seu meio natural, nunca vi ocorrer algo assim”, afirma Coppens à AFP. “Mas a priori não sou hostil a essa tese, que vale tanto como qualquer outra”, acrescentou o pesquisador.

“Lucy vivia ao mesmo tempo no solo e nas árvores, e as características físicas adaptadas que a permitiam andar ereto e se deslocar de modo eficaz sobre a terra podem ter comprometido sua habilidade para escalar as árvores. Sua espécie teria uma predisposição a sofrer quedas com mais frequência”, explicou John Keppelman.

Animação compara evolução entre chipanzés, o australophitecus (a Lucy) e o homem moderno. Veja:

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