O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, advertiu que se persistir no Senado a crise política que ameaça paralisar o governo, ele convocará um plebiscito nos próximos dois meses, "para que a cidadania decida o que fazer". Lugo disse na noite de ontem que convocará "em dois ou três meses" um plebiscito, se o Senado continuar sem se reunir. O Senado não se reuniu durante todo o mês de agosto. "Preciso de um parlamento sério. Acredito que o Senado está perdendo tempo, lastimavelmente, sem debater os grandes temas nacionais como a luta contra a pobreza", declarou Lugo ao canal 4 de televisão, em Assunção.

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O ministro da Agricultura, Cándido Vera, sugeriu nesta quarta a intervenção pessoal de Lugo na crise para evitar a paralisação do Estado. O Senado, com 45 integrantes, sofreu um fratura na terça-feira, após o ex-presidente da República Nicanor Duarte, do agora opositor Partido Colorado, prestar juramento como senador. Duarte só conseguiu tomar posse após três tentativas fracassadas, ante o presidente do Senado, Enrique González, ao não conseguir quórum.

Na noite da terça-feira, 25 senadores de vários partidos, o Liberal Radical Autêntico (PLRA), País Solidário, Tekojojá, Democrático Popular e Pátria Querida, além de quatro senadores do próprio Partido Colorado, convocaram para uma sessão e declararam nulo o juramento de Duarte. Mas o presidente do Senado declarou nula a sessão, "porque eu não a convoquei".

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Os colorados têm 15 senadores; o PLRA 14; Unace tem nove; o Pátria Querida tem quatro e os outros partidos têm um senador cada. Nenhum partido tem a maioria. Lugo, um ex-bispo católico que assumiu o mandato em 15 de agosto, chefia a coalizão Aliança Patriótica para a Mudança (APC, na sigla em espanhol), integrada por 10 partidos e quase 20 organizações sociais, sindicais e camponesas de esquerda. "Não sou juiz para decidir se Duarte deve ser incorporado ou não ao Senado, mas acredito que esse mesmo corpo, pela maioria dos seus integrantes, deve tomar uma decisão", disse Lugo.