O presidente paraguaio, Fernando Lugo, anunciou nesta terça-feira (21) que não admitirá ataques de sem-terra contra agricultores no Departamento (Estado) de San Pedro, região central do país, acrescentando que os brasiguaios - brasileiros que adquiriram terras no Paraguai há mais de 40 anos - não devem temer ataques e desapropriações.

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A declaração de Lugo foi dada em resposta à ameaça de sem-terra e políticos locais que haviam anunciado nesta segunda-feira (20) o fim de uma trégua de 15 dias com o governo. Eles reivindicam o início imediato de uma ampla reforma agrária, prevista pelo Instituto de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert), o Incra paraguaio, para ser concluída só em 2023.

Ao anunciar o fim da trégua, o prefeito da cidade de Lima, Julio Franco, chegou a insinuar ameaças numa emissora de rádio de Assunção: "Neste lugar, todos temos armas de fogo. Sou portador de um revólver calibre 38 e uma pistola 9 milímetros."

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As manifestações de camponeses sem-terra têm sido cada vez mais violentas no Paraguai. Há 15 dias, um sem-terra foi morto a tiros pela polícia paraguaia depois de invadir a propriedade de um agricultor brasileiro. Em setembro, 700 manifestantes bloquearam o acesso à fazenda de outro empresário brasileiro, no distrito de Aguerito.

Os movimentos sociais paraguaios têm grande expectativa de que Lugo - um ex-bispo adepto da Teologia da Libertação - promova uma reforma agrária profunda no país.

A primeira medida do presidente paraguaio veio no início do mês, quando o governo invalidou a compra de terras por estrangeiros, mas poupou os cerca de 400 mil a 600 mil brasiguaios da decisão.

Caso Cubas

A Argentina anunciou nesta terça-feira (21) a extradição de seis camponeses paraguaios acusados do assassinato de Cecília Cubas, filha do ex-presidente do Paraguai, Raúl Cubas, em 2004. O grupo teve negado o pedido de refúgio apresentado à Argentina há dez dias. Os seis declararam-se em greve de fome desde 15 de agosto e dizem-se vítimas de perseguição no Paraguai.

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