O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, disse nesta terça-feira (25) que assumia "com humildade" os erros cometidos, ao fazer uma avaliação dos seus primeiros 100 dias de governo, e afirmou que "os maus presságios" dos seus opositores não se confirmaram. As principais conquistas dos 100 primeiros dias de Lugo no governo são a assistência alimentar e de água potável a 35 mil índios que vivem em situação de miséria no ocidente do Paraguai, ou Chaco boreal, e a gratuidade de todas as consultas médicas nos hospitais públicos.
A partir de dezembro deste ano, os paraguaios terão medicamentos gratuitos, mas a população ainda terá de pagar os diagnósticos e as cirurgias. Mas uma das promessas de Lugo ainda para ser cumprida, e é também muito cobrada, é a demanda dos camponeses sem-terra, que chegaram até a invadir propriedades para apressar a reforma agrária.
Sobre o conflito agrário, Lugo disse que, "no Paraguai, convivem dois sistemas econômicos diferentes. O primeiro é um setor com tecnologia moderna de produção, com capital suficiente e altos níveis de rentabilidade. O segundo é um setor de estrutura arcaica para a produção agrícola, sem acesso a financiamentos nem assistência técnica e muitos dos seus integrantes caem na engrenagem mortal do subdesenvolvimento". O presidente anunciou que seu desejo "é ter uma economia competitiva mas também inclusiva, que aponte à superação da pobreza no campo."
Lugo leu nesta terça uma declaração a jornalistas no palácio de governo esclarecendo que seu resumo não se deteria "em obras pontuais, mas sim em iniciativas que marcam os rumos da ação. Nos outros dias, cada ministério informará à cidadania sobre quais tarefas executou". O ex-bispo de 57 anos assumiu o cargo em 15 de agosto para governar por cinco anos, após 61 anos de governo do Partido Colorado no Paraguai.
A União dos Grêmios da Produção (UGP), que reúne o grande agronegócio, soja e gado bovino, distribuiu nesta terça um boletim informativo através do jornal ABC Color, no qual assinala que "é preciso colocar um fim às aventuras populistas e apostar na dignidade do trabalho". Com relação aos sem-terra que impedem a semeadura de soja, a agrupação patronal assinalou que "a luta pela terra no Paraguai hoje é desnaturalizada por aventureiros políticos de tendências extremistas. O país precisa de camponeses com vocação."