O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, presenteou nesta quarta-feira (17) o governador Roberto Requião com um quadro do ditador Francisco Solano López, responsável pelo início da Guerra do Paraguai (1864-1870). Lugo esteve na Bahia para a multicúpula latino-americana e passou por Curitiba na volta a Assunção. Ele jantou no Palácio das Araucárias, sede provisória do governo estadual, e retornaria ao seu país ainda na madrugada desta quinta.
O marechal Solano López é uma figura controversa na história paraguaia. Foi ele quem ordenou a captura do navio a vapor brasileiro Marquês de Olinda, ato que marcou o início do conflito entre os dois países. A Guerra do Paraguai é considerada o maior conflito armado internacional ocorrido na história da América do Sul. Apesar de ser acusado de torturar e matar milhares de pessoas, inclusive paraguaios que lhe faziam o posição, López é tido como um ícone nacional pela população de seu país.
"Passamos aqui no Paraná para expressar nossa gratidão ao governador do Paraná. Nós no Paraguai dizemos que uma das coisas mais importantes nas relações internacionais é se dar bem com os vizinhos", disse Lugo, que no momento vive contenciosos com o Brasil em pelo menos duas frentes: a renegociação do Tratado de Itaipu e a ameaça à segurança dos brasiguaios - brasileiros proprietários de terra no Paraguai.
Cuba
Sobre a multicúpula da América Latina e do Caribe, que terminou nesta quarta na Costa do Sauípe, Bahia, Lugo disse que o acordo mais importante foi o que permitiu a entrada de Cuba para o Grupo do Rio, fórum multilateral que abriga 23 países de América do Sul e América Central mais o México. "Cuba foi expulsa injustamente da OEA (Organização dos Estados Americanos) no início dos anos 1960. Os argumentos que foram feitos à época eram de que Cuba era um governo socialista-marxista-leninista. Caso esse argumento valesse hoje, acho que muitos países da América Latina estariam fora da OEA", afirmou o presidente paraguaio. A adesão de Cuba ao grupo é vista como uma mensagem dos países latino-americanos para que os EUA levantem o embargo à ilha.
Tratoraço
Lugo também comentou a onda de protestos realizada esta semana no Paraguai. Segundo ele, o "tratoraço" organizado por fazendeiros não era uma manifestação contra o governo. Reivindicando mais segurança no campo, os agricultores estacionaram tratores ao longo de estradas em 13 dos 17 departamentos paraguaios. Para Lugo, o problema com os campesinos é uma herança de governos anteriores e que não pode ser resolvida tão rapidamente. Ele disse também que o presidente Lula elogiou o tratamento que seu governo tem conferido aos brasiguaios.