Poucos resultados econômicos, com bons ganhos políticos
Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou no fim da noite de sexta-feira nos EUA, para uma rápida - e inédita - visita à residência oficial do presidente George W. Bush em Camp David. Seu avião aterrissou na base de Andrews, em Maryland, por volta das 23h (Horário de Brasília) e Lula foi direto para Blair House, a casa de hóspedes presidencial americana. Lá, o presidente era aguardado por diversos repórteres brasileiros que fizeram uma série de perguntas sobre a greve dos controladores de vôo. Ao lado do ministro Celso Amorim, Lula limitou-se a responder: "Deixa eu chegar."
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, chegou às 15h20 deste sábado (horário de Brasília) a Camp David, a casa de campo da Presidência dos Estados Unidos no estado de Maryland. Lula chegou de helicóptero e foi recepcionado pelo presidente norte-americano, George W. Bush, e pela primeira-dama, Laura Bush. Lula chegou na noite desta sexta-feira aos Estados Unidos e pernoitou na Blair House, localizada próxima à Casa Branca, em Washington.
Após os cumprimentos, os presidentes, que não usavam gravatas, seguiram em carrinhos de golfe até a residência da propriedade. Eles farão uma coletiva de imprensa durante e tarde e participarão de um jantar em seguida.
É a primeira vez desde 1991 que um presidente americano recebe um colega latino-americano em uma visita oficial a Camp David, no estado de Maryland.
Para o Brasil, a reunião é uma demonstração de uma nova colaboração entre os dois países. "É indiscutível que tenha havido um aumento do nível da relação", disse nesta sexta à imprensa o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim.
A reunião entre Lula e Bush deve durar cerca de 1h30, seguida de uma coletiva de imprensa. Lula janta com Bush antes de retornar ao Brasil, já na noite deste sábado.
Este é o segundo encontro dos dois líderes em um mês. Bush esteve no Brasil no início de março, quando discutiu sobre o mercado de etanol com Lula.
Os principais temas do encontro em Camp David serão: a formação de um mercado internacional de etanol e a retomada das negociações sobre o fim de subsídios e taxas sobre produtos agrícolas na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Etanol
Durante a escalada do preço do petróleo no ano passado, Washington se voltou para os países em desenvolvimento e descobriu que o Brasil conta com a tecnologia mais avançada para a destilação e uso do etanol.
Embora a questão do etanol também esbarre na imposição de tarifas ao produto brasileiro - o álcool nacional paga US$ 0,14 por litro para entrar no mercado americano, o que acaba com a competitividade do etanol de cana-de-açúcar na América do Norte -, Brasil e EUA já chegaram a um consenso sobre um tema: é preciso formar um mercado mundial para o produto. E este mercado deve começar a crescer com a produção de álcool de cana-de-açúcar na América Central.
No início de março, durante a visita oficial do presidente Bush ao Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, assinaram um memorando de entendimento para cooperação na produção e no estímulo ao consumo de biocombustíveis em escala mundial.
Rodada de Doha
O outro tema do encontro serão as negociações da rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, todos os avanços técnicos para definir a abertura dos diversos setores em discussão - agricultura, comércio e serviços - já foram feitos.
Para Amorim, esta pode ser a "última chance" da resolução dos conflitos comerciais entre países desenvolvidos e nações em desenvolvimento no curto prazo. Ele deu as declarações após encontro com a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, nesta sexta-feira, em Washington.
A Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio foi iniciada em 2001 e deveria ter sido encerrada até o fim de 2004 - o objetivo era liberalizar diversos setores (entre eles, indústria, agricultura e serviços). Entretanto, por falta de acordo entre os países, que não chegaram a um consenso sobre os termos dessa redução de barreiras comerciais, a rodada foi adiada por dois anos, até ser suspensa em julho do ano passado. Nos últimos meses, várias nações vêm demonstrando disposição para retomar as negociações.
Lula e Bush também devem falar sobre a força de paz da ONU no Haiti, liderada pelo Brasil, além da colaboração do país na África.
Nesta sexta-feira, Amorim, Rice e o ministro de Assuntos Exteriores da Guiné-Bissau, Antônio Monteiro, assinaram um acordo de cooperação para fortalecer de forma conjunta a Legislatura deste último país, o primeiro convênio deste tipo assinado entre Brasil e EUA.
A medida é a formalização de um trabalho que já começou há alguns anos e que reflete o estreitamento das relações do Brasil com as ex-colônias portuguesas durante o governo Lula.
Camp David
Essa é a primeira vez desde 1991 que um presidente americano recebe um colega latino-americano em uma visita oficial a Camp David, no estado de Maryland.
Em 1998, Bill Clinton recebeu Fernando Henrique Cardoso, apesar de, na ocasião, se tratar de uma visita particular.
A última estadia oficial de um latino-americano na residência de campo dos presidentes americanos foi em 1991, quando o então presidente mexicano Carlos Salinas de Gortari foi hóspede de George Bush pai.
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