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Lula: fica tranqüilo, pessoal. | Marcello Casal Jr/ABr
Lula: fica tranqüilo, pessoal.| Foto: Marcello Casal Jr/ABr

Um dia depois de o presidente boliviano, Evo Morales, pedir ao presidente Lula ajuda para desmantelar os grupos armados que supostamente operam no país com a ajuda de matadores brasileiros, que estariam sendo pagos para executar ações violentas, o presidente brasileiro confirmou que vai dar apoio logístico à Bolívia, no departamento de Pando, fronteira com o Acre. Em entrevista à TV Brasil, Lula afirmou que vai auxiliar com a venda de caminhões e ônibus ao Exército boliviano e com ajuda da Polícia Federal na fronteira, mas não enviará tropas para aquele país.

"Nem pensar em ingerência brasileira na Bolívia; muito menos tropas", disse Lula. O presidente pediu aos ministros da Justiça, Tarso Genro, e da Defesa, Nelson Jobim, para entrar em contato com autoridades bolivianas a fim de tratar dessa colaboração.

De acordo com Lula, a ação conjunta da Polícia Federal na fronteira tem como objetivo acabar com o trânsito de grupos armados.

"(O Evo) pediu para o Tarso ligar para o ministro da Justiça (boliviano) para tentar estabelecer uma ação conjunta da Polícia Federal na fronteira para evitar trânsito de pessoas, de gente com armas, evitar contrabando, e evitar o narcotráfico. O Brasil precisa fazer um esforço muito grande porque nós temos mais de 3 mil quilômetros de fronteira com a Bolívia e nós queremos que ela esteja em paz porque em paz ela vai crescer; em guerra não", esclareceu o presidente.

Lula também disse que Morales pediu para que o Brasil venda os caminhões.

"Nós vamos tratar de ver se a indústria automobilística brasileira pode produzir, e com uma certa rapidez, alguns caminhões para a Bolívia."

Perguntado se esse tipo de ajuda não poderia ser encarado como uma interferência do Brasil em assuntos de outro país, Lula afirmou que não.

"Se fosse assim, você não poderia vender nada para ninguém. Nós estamos fazendo uma relação comercial".

Na entrevista, Lula criticou a interferência de embaixadas dos EUA em assuntos internos de países da América do Sul em diversos momentos da história do continente, ao comentar a decisão de Evo Morales de expulsar da Bolívia o embaixador americano.

Brasileiros e bolivianos cruzam a fronteira

Mais de mil pessoas, entre brasileiros e bolivianos, cruzaram nos últimos dias a fronteira entre a Bolívia e o Brasil, fugindo da crise civil que atingiu o primeiro país, segundo informações da GloboNews, citando fontes oficiais. Os retirantes estão se hospedando na casa de parentes e amigos em cidades do Acre. Muitos temem o clima de intranqüilidade que se instalou no estado de Pando após a prisão do governador Leopoldo Fernández, acusado de estar por trás das mortes durante os recentes confrontos entre oposicionistas e ativistas leais ao governo federal.

O presidente boliviano, Evo Morales, convocou para esta quarta-feira o diálogo com os governadores opositores sobre as mudanças constitucionais na Bolívia e pediu também a participação de organizações sociais e religiosas. Um pré-acordo foi fechado na noite de terça-feira.

- Quero ver os governadores hoje mesmo em Cochabamba para iniciar esse diálogo - disse Morales, após acusar seus opositores "de mentir permanentemente" e a Igreja católica de ter se aliado à oposição.

O presidente boliviano mostrou um aviso publicado hoje com o texto do "pré-acordo" ratificado pelo vice-presidente Álvaro García Linera e o governador de Tarija, Mario Cossio, que havia se comprometido a levar pessoalmente o documento para La Paz a fim de que Morales o assinasse.

No entanto, o presidente garantiu que o texto já havia sido aprovado pelo governo (com a assinatura de dois ministros) e entregue a Cossio.

- Eu mesmo entreguei ontem a Cossió este documento com a assinatura de dois ministros. Mas não importa, já estamos acostumados com mentiras - disse o presidente.

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