Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, condenaram nesta sexta-feira os assentamentos israelenses nos territórios ocupados e defenderam a criação de um Estado palestino independente.
A viagem de Abbas ao Brasil ocorre na semana seguinte à visita do presidente de Israel, Shimon Peres, ao país, que tenta se credenciar como um dos mediadores do processo de paz para a região.
No próximo dia 23, chegará ao Brasil o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad.
"O Brasil entende que se deva parar imediatamente qualquer novo assentamento no território palestino", destacou Lula a jornalistas em entrevista concedida ao lado de Abbas, em Salvador.
"As fronteiras do futuro Estado palestino devem ser preservadas. Os palestinos devem ter maior liberdade de circulação nos territórios palestinos ocupados. A situação humanitária na Faixa de Gaza é insustentável. A dignidade humana não pode continuar a ser ignorada", acrescentou.
Apoiando a participação do Brasil no processo de paz, o presidente da Autoridade Palestina lembrou que diversas resoluções das Nações Unidas apontaram a ilegalidade dos assentamentos. Ele disse também que Israel já havia se comprometido a parar as construções.
"Se o governo israelense continuar construindo em territórios ocupados e especialmente em Jerusalém ocupada, que a gente considera a capital da Palestina, isso quer dizer que ele está complicando a paz, pondo todos os empecilhos no caminho da paz e significa que ele quer que a gente se distancie da paz", destacou Abbas.
Lula ressaltou a importância da criação de um Estado palestino.
"A paz justa e duradoura na região depende do estabelecimento de um Estado palestino próspero, coeso e sem restrições, que garanta a segurança de Israel e tenha os seus direitos e os de sua população respeitados", disse.
"A comunidade internacional não pode se conformar com menos do que isso."
Unidade entre palestinos
Lula ressaltou ainda a importância de os palestinos procurarem a unidade e a convivência democrática. A Autoridade Palestina mantêm uma disputa com o grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
"Aqueles que se amparam em dogmas inabaláveis e semeiam a discórdia fomentam na verdade a permanência do conflito", argumentou.
O presidente brasileiro classificou de "minoritárias e sectárias" as pessoas que têm fomentado o conflito. Disse ainda que esses grupos têm motivações diferentes dos interesses dos povos palestino e de Israel.
"O Brasil estará sempre ao lado dos que preferem o diálogo e a persuasão."
Abbas afirmou que tem trabalhado nos últimos anos e que gostaria de fechar um acordo que viabilize a realização das eleições presidenciais e legislativas que estavam agendadas para janeiro e foram adiadas.
"Nós pedimos a paz, nós confiamos na paz. Nós não queremos a violência nem o terrorismo nem a guerra. Nós somente queremos que todos vivam em paz", disse.
"A ocupação de um povo pelo outro não pode se perpetuar, continuar nem trazer a estabilidade."
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