O Brasil e a França tentam na noite desta quinta-feira retomar o controle da cúpula do clima de Copenhague ao pedir uma reunião dos principais líderes presentes na conferência climática da ONU.
O pedido da reunião foi feito antes da chegada do presidente Barack Obama, que só deve estar na capital dinamarquesa na manhã de sexta-feira.
Menos de duas horas depois de sua chegada a Copenhague, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, bateu com o punho na mesa durante uma discussão.
"É preciso mudar de rumo... ou vamos direto para a catástrofe", disse, antes de pedir aos países participantes, principalmente aos EUA e à China, que fizessem concessões necessárias a um acordo.
Um pouco antes, a ministra da Ecologia da França, Chantal Jouanno, declarou a jornalistas que o "pingue-pongue entre China e EUA", principais poluidores do planeta, constituía "o maior obstáculo" a um acordo sobre o clima.
Para sair do impasse, Sarkozy pediu que o jantar aos chefes de Estado oferecido pela rainha Margareth da Dinamarca fosse seguido de uma reunião de trabalho "para, enfim, negociarmos seriamente".
Pouco depois, durante uma coletiva de imprensa conjunta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiu seu exemplo.
"(A reunião) vai permitir que cheguemos amanhã... com uma proposta suscetível de ser aprovada", estimou Lula.
Nesta reunião, Brasil e França levariam em conta dois projetos de texto que já estão sobre a mesa. O primeiro estende, a pedido dos países em desenvolvimento, o protocolo de Kyoto que concerne os países industrializados, com exceção dos EUA que não o assinaram.
O outro projeto tem a ver com todos os países. Ele foi redigido pelo maltês Michael Zammit Cutajar, que dirige as negociações sobre as ações em longo prazo.
"Nós não vamos abandonar o protocolo de Kyoto e o texto do senhor Cutajar. Tudo isso é uma contribuição ao debate", explicou Sarkozy.
"O que propomos é um leque que levará em conta tudo o que já foi realizado... Vamos tentar completar tudo isso e dar uma forma de coerência".
Esse "leque" conterá as principais políticas inspiradas na declaração comum franco-brasileira de novembro sobre os objetivos da conferência de Copenhague, acrescentou.
Segundo o governo francês, a proposição franco-brasileira também recebeu o apoio do premiê etíope, Meles Zenawi, coordenador dos países africanos.