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Lula pede a líderes que não saiam de Washington sem propostas contra a crise

Lula e Gordon Brown (1º esq.) dialogam antes da cúpula do G20, que discutirá sobre a crise econômica global, em Washington | Mike Theiler / Reuters
Lula e Gordon Brown (1º esq.) dialogam antes da cúpula do G20, que discutirá sobre a crise econômica global, em Washington (Foto: Mike Theiler / Reuters)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta sexta-feira (14) um apelo aos líderes da Austrália, Japão e Reino Unido: os chefes de governo não podem sair de Washington de mãos abanando, pois há grande expectativa da sociedade em relação a propostas concretas para acabar com a crise financeira global. O relato foi feito pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que acompanhou os encontros bilaterais da manhã desta sexta, véspera da cúpula convocada pelo presidente George W. Bush.Segundo Mantega, há consenso de que é preciso trabalhar de forma coordenada e rápida sobre um programa de medidas anticíclicas. Os governos da Austrália e do Reino Unido estão dispostos a tomar medidas concretas para evitar uma depressão mundial, garantiu o ministro.

No encontro com Lula, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, defendeu a adoção de um programa de políticas monetárias, com redução das taxa de juros e aumento do crédito, de forma a fazer com que a liquidez chegue ao produtor e ao consumidor. Já o primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, frisou a necessidade de medidas urgentes e ousadas.

O fundamental, na avaliação do ministro Guido Mantega, é devolver confiança ao mercado. Existe uma insegurança, o consumidor não toma crédito e reluta em fazer as aquisições. Os bancos que têm recursos relutam em dar o crédito, porque não sabem o que vai acontecer. Temos que eliminar essa desconfiança, resumiu, em entrevista coletiva.

Mantega e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmaram que todos concordam, em maior ou menor grau, com a necessidade de regulação do mercado financeiro e acreditam na possibilidade de algum avanço nesse sentido, mesmo com a resistência já explicitada pelo presidente Bush. Poderá haver divergência quanto ao tipo de regulação que se queira fazer. Agora, no comunicado que vamos apresentar, estará dito que é necessário haver uma regulação do mercado financeiro, antecipou Mantega.

Segundo ele, o Brasil proporá a criação de grupos de trabalho, com prazos fixados para apresentação de propostas de como regulamentar os mercados. A regulação não é algo que se faça do dia para a noite. Isso significa estudar como vamos regulamentar os hedge funds [fundos de risco], como vamos regulamentar derivativos. Tudo isso requer estudos técnicos aprofundados, frisou o ministro da Fazenda. Segundo ele, apenas o mercado de credit default swaps [derivativos de crédito] conta com US$ 55 trilhões de derivativos que precisam ser regulamentados.

A expectativa é que o presidente eleito, Barack Obama, vá mais fundo nesses temas. Obama não participará da reunião, mas mandou uma representante a ex-secretária de Estado de Bill Clinton, Madeleine Albright, que integra a equipe de transição. A idéia é de que ele [Obama] venha com um pacote de medidas anticíclicas mais robusto para não frustrar o eleitorado que levou ao poder, disse Mantega.

Essa é também a expectativa do chanceler Celso Amorim: Não é apenas uma opinião nossa, mas também dos interlocutores com quem conversamos, especialmente os primeiros-ministros da Austrália e da Grã-Bretanha. A avaliação é de que as políticas fiscais de encorajamento do governo Obama irão mais longe.

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